A Testemunha- Diário de um Centurião


Marcos 15:39  O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.







Não temos como comprovar a autenticidade dessa carta abaixo, mas, é um interessante ponto de vista sobre o que pode ter acontecido. O que temos certeza é o seguinte: todos os que se encontram com Cristo saem profundamente impressionados. Poderemos responder de forma positiva ou de forma negativa aceitando-o ou rejeitando-o, porém, nunca ninguém jamais conseguiu ficar diante dele de forma indiferente.Leia com atenção e reflita. Cristo é a resposta.



Como era meu costume, levantei cedo para prestar adoração aos deuses por meio de orações e ofertas queimadas. Havia prometido a eles minha obediência depois de passar por um dia fatídico.
Ao sair do meu local de culto, tentei sentar um pouco para ler os credos de Roma, conforme iam sendo escritos pelo próprio imperador. Era minha obrigação, não apenas como centurião, mas também como cidadão romano, entender os propósitos do César todo-poderoso como também do estado romano. Bem na hora que comecei a desenrolar meu rolo, um mensageiro chegou ofegante com uma noticia de Pôncio Pilatos, governador da Judéia, com instruções expressas para que minha guarnição fosse imediatamente ao seu palácio.
Cheguei com outros 300, quase como se tivéssemos voado. O sol acabara de nascer, mas aquela era uma manha diferente, respirava-se um ar pesado naquela província pobre e distante. Os homens todos vestidos com couro ostentavam espadas metálicas balançando nos seus cintos e lanças que rasgavam o céu, em sinal de descontentamento por terem sido acordados em hora tão imprópria. Eles estavam agitados aguardando as minhas ordens. Sem dúvida os soldados imaginavam que eu sabia a razão para aquilo tudo, mas eu não sabia – até que outro mensageiro chegou ate mim trazendo outro rolo que descrevia nossa tarefa.
Jerusalém era um lugar difícil de ser controlado e já bastante conhecido pelos seus inúmeros zelotes* inconseqüentes, e eu tinha experiência em neutralizar os fracos motins que esses desordeiros e suas milícias desorganizadas planejavam para libertar os judeus dos grilhões de Roma. Lembrei-me de outra ocasião em que esmaguei alguns insurgentes, eram patéticos, um pequeno exercito de rebeldes religiosos e mal-armados conseguira assassinar um insignificante guarda do portão do palácio do governador. A ideia que um punhado de camponeses pudesse fazer que Roma capitulasse era ridícula. O líder daqueles homens era um homem magro, estrábico, cabelo ralo. Um judeu. Seu nome era Barrabás. Sua prisão não significou nada especial para mim, eu o apanhei na rua enquanto tentava se esconder atrás de uma lona, ele foi preso por mim logo após sua pobre milícia ser esquartejada e lançada aos cães. Joguei-o em uma cela minúscula, eu fui seu júri e seu juiz, um direito que nós temos já que somos romanos.
Enquanto fazíamos nosso trajeto até o pretório arrastando o prisioneiro para a plataforma, havia outro homem ensangüentado a multidão gritava em uníssono: crucifica-o, crucifica-o!
O governador estava cauteloso e se dirigiu à multidão enfurecida dando a elas a opção de escolher entre o revoltoso Barrabás e o outro chamado Jesus. Eles imediatamente começaram a pedir pela libertação do primeiro e a morte do segundo em brados arrepiantes. Ao que parece Jesus não havia ofendido à Roma, mas sim aos religiosos daquele grupo.
O dialogo que ouvi deixou transparecer o caráter daquele preso. Ele só falava quando lhe perguntavam. Alegava que a autoridade do governador fora dada a ele por seu pai, o que não pareceu fazer qualquer sentido para mim. Quando ele disse que era um rei pensei comigo mesmo- será que ele tinha também tamanhas aspirações? De qualquer modo este prisioneiro apresentava uma autoridade incomparável à de qualquer outro homem que eu já tivesse visto. E isso me impressionava profundamente, considerando que muitas vezes já havia me encontrado com o imperador e outros homens de destaque na sociedade.
Algum tempo depois alguns da minha guarnição levavam três pessoas para a pena máxima, dois por serem ladrões e um por ter ofendido aos judeus. O agressor dos judeus carregava uma coroa de espinhos, que eu sabia tratar-se de uma invenção dos meus soldados para torturá-lo ainda mais. A barba daquele homem estava cheia de sangue e suas costas totalmente rasgadas, com fiapos pelos açoites recebidos. Sua dor física não era comparada à dor que carregava em sua fisionomia. Parecia carregar um peso eterno de cargas que não eram suas.
Os dois ladrões me davam vontade de rir, tinha realmente um prazer enorme em ver os gritos e convulsões desses fracos judeus nas cruzes cuspiam na cara dos meus soldados e amaldiçoavam os deuses romanos era motivos de escárnio esse tipo de gente, mas o outro homem não demonstrou nenhuma resistência. Seus olhos estavam fitos para o soldado e para mim o seu sádico carrasco. Esperei a reação típica o espernear o maldizer as pragas as cusparadas na cara e. nada...absolutamente nada. Ao levantar a cruz, as lágrimas corriam pelo seu rosto a olhar a multidão que passava aos pés da sua cruz, rindo e ridicularizando seu estado de penúria.
Um pouco antes da sua morte o céu ficou escuro como se estivesse sido rasgado a terra parecia estar toda em convulsão, um forte tremor sacudia a todos como se fossem de brinquedo. Naquele momento tive certeza que aquele homem não era qualquer um. Ele detinha um poder único. Diante disso todo poderio romano parecia um monte de poeira. A sua visão pregada na cruz não me saia da cabeça, será que fiz alguém mal em crucificar esse homem? Se eu não fiz nada de errado porque essa agonia em meu coração? Agora era eu quem sangrava parecia que tudo que vivera até ali não fazia mais sentido. Aquele corpo desfigurado e nu naquela cruz parecia mais vivo do que eu, com toda minha parafernália militar: o meu capacete impecavelmente polido, as insígnias romanas que eu ostentava com orgulho... tive vergonha de mim mesmo. O remorso invadiu-me a alma e lágrimas quentes começaram a verter dos meus olhos. Tentei me recompor mas foi em vão. Mais uma vez eu me virei e olhei para ele; então meus joelhos me traíram e fui ao chão. Minha cara beijou o em uma queda inusitada. Rangi os dentes e consegui soltar essas palavras: "Verdadeiramente este era o filho de Deus!".
Minha vida nunca mais foi a mesma desde aquele momento.

*Zelote significa literalmente alguém que é ciumento em nome de Deus, ou seja, alguém que demonstra excesso de zelo. Apesar de a palavra designar em nossos dias alguém com excesso de entusiasmo, a sua origem prende-se ao movimento político judaico do século I que procurava incitar o povo da Judéia a rebelar-se contra o Império Romano e expulsar os romanos pela força das armas, que conduziu à Primeira Rebelião Judaica (66-70).

Um comentário:

  1. os comentários adicionais que nao constam dos evangelhos deste centuriao romano, é de grande valia e compreensao o porque de sua afirmaçao em dizer: este homem é verdadeiramente o filho de Deus!! muito obrigado

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