SUGESTÕES DE LEITURA (PARTE IV)

SUGESTÕES DE LEITURA (PARTE IV) Dando continuidade à séria de artigo que temos escrito com sugestões de leitura de livros que consideramos edificantes para a vida espiritual dos irmãos, discorreremos, hoje, sobre o instrutivo opúsculo intitulado 5 Pecados que Ameaçam os Calvinistas, de autoria do presbítero Solano Portela, que se tem notabilizado, no âmbito da Igreja Presbiteriana do Brasil, pela produção de escritos/livros sumamente úteis para quem aspira, em meio a uma babelização espiritual triunfante, a ouvir vozes sóbrias, que tomam como inafastável parâmetro para o seu sentir/pensar/agir, unicamente, as Escrituras Sagradas, Regra Única de Fé e de Prática para tantos quantos foram regenerados pelo poder do Espírito Santo e, ato contínuo, passaram a depositar a sua irrestrita confiança na pessoa e na obra do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. O presbítero Solano Portela, que Deus assim o preserve, tem se mantido fiel a uma confessionalidade que, reformada em sua nervura essencial, tem suas raízes e vivências cotidianas ancoradas no porto seguro da Palavra de Deus. Vamos, então percorrer, os vãos e desvãos do livro 5 Pecados que Ameaçam os Calvinistas, originalmente uma palestra que o presbítero Solano Portela proferiu no encontro promovido pelo Projeto Os Puritanos, ocorrIdo na cidade de Águas de Lindóia, nos dias de 9 a 13 de junho de 1997. Na parte introdutória da conferência/livro, o presbítero Solano esclarece que não irá tratar dos “pecados do calvinismo”, nem irá “falar contra o calvinismo”. Cedamos a palavra a Solano Portela: “Nossa preocupação é com os pecados que ameaçam os calvinistas. Esses, vale dizer, não são pecados que caracterizam os calvinistas. Eles podem ser encontrados em muitos campos de persuasão cristã e, nesse sentido, o alerta é generalizado. Nossa preocupação é, entretanto, a de que os calvinistas não se considerem imunes a esses perigos, pois os pecados que vamos mencionar representam também séria ameaça ao seu testemunho como cristãos eficazes na igreja de Deus”. De igual modo, Solano Portela sinaliza que os pecados sobre os quais vai se pronunciar, não são os únicos que assediam os calvinistas, dado que outros tantos conspiram contra os que anelam viver santamente diante de Deus. Prestados esses esclarecimentos preliminares, ele passa a abordar alguns dos cinco pecados que ameaçam os calvinistas. Principia o seu périplo pelo pecado do Orgulho Espiritual, que, lamentavelmente, ocupa, vezes sem conta, o coração do servo de Deus, levando-o a, diferentemente do que preconizam as Escrituras Sagradas, considerar os outros como sendo “inferiores a si mesmo”. Aqui, é demonstrando como o orgulho espiritual é portador de uma lastimável propensão para, na prática, cultivar “A tendência de se criar uma Hierarquia dos Salvos”, como se no meio do povo de Deus houvesse crentes de primeira e de segunda classe. Revisitando variados capítulos da História da Igreja – dos gnósticos, dos alegoristas, dos quacres, do pentecostalismo e de certos reformados enfatuados, Solano Portela mostra como persiste a velha e pecaminosa tendência para uns se sentirem mais elevados espiritualmente que os outros. Se o pentecostal corre o risco de julgar-se mais espiritual que os demais crentes, pelo fato de presumir ser possuidor de uma porção mais poderosa do Espírito Santo, o reformado não está isento de querer sentir-se mais espiritual por ser detentor de um sistema teológico mais robusto, abraçado pela igreja, ao longo da sua história. Na realidade concreta, por razões distintas e motivações diferentes, estão ambos a laborar em pecado idêntico: orgulho espiritual, do qual devemos, permanentemente, arrepender-nos e buscar em Deus o perdão e a restauração, que em nós devem se manifestar por meio do cultivo da humildade e do genuíno amor fraternal para com os nossos irmãos. O melhor antídoto contra o orgulho espiritual, que tanto nos ronda o coração, é alimentarmo-nos, constantemente, da certeza de que, em nós mesmos, nada somos e nada temos; e de que tudo quanto temos e somos procede, exclusivamente, do Senhor. Assim procedendo, veremos que o orgulho espiritual, quaisquer que sejam as suas supostas fontes, não passa de uma rematada tolice. O segundo pecado abordado por Solano Portela é o da Intolerância Fraternal. Vivemos hoje, parece ser esse o consenso entre os estudiosos, na chamada era Pós-Moderna, que tem no pluralismo das ideias e na consequente relativização das verdades, um dos seus mais celebrados pressupostos. Assim, quanto mais tolerantes para com tudo e para com todos, estaremos demonstrando a nossa sintonia fina com o espírito antidogmático do nosso tempo. De acordo com Solano Portela, “como calvinistas acreditamos estar firmados na verdade, não em uma verdade sujeita à compreensão subjetiva de cada um. Essa verdade é proposicional, objetiva, não contraditória e inquestionável, pois procede de revelação da parte de Deus ao homem, representada pelas inerrantes Escrituras Sagradas – a Bíblia”. Ora, crer no absolutismo das Escrituras Sagradas, primado inafastável da Teologia Reformada, e, ao mesmo tempo, considerar a Intolerância Fraternal um pecado a ser evitado, não se constitui numa contradição argumentativa explícita? Solano Portela, com sobrante biblicidade, encarrega-se de mostrar que não. E o faz operando, no campo semântico, uma eficiente distinção “entre tolerância externa e a tolerância na fé, ou fraternal (entre irmãos da mesma fé). Nesse sentido, o próprio Heber Campos declara: Devemos ser politicamente corretos quando a verdade não está em jogo”. Para com os nossos irmãos na fé, que divergem de nós em alguns pontos, sem que haja nenhum comprometimento do núcleo essencial do evangelho, devemos, sim, ser tolerantes, e, ato contínuo, evitar confrontos estéreis, que, além de não edificarem, ainda contribuem, nefastamente, para o esgarçamento do tecido da comunhão fraternal que deve reger o cotidiano dos cristãos. Em suma, quando o coração do evangelho e das verdades essenciais do cristianismo não sofre nenhum tipo de alteração substancial, não há razão alguma para nos conflitarmos com irmãos na fé que, na essência, creem e confessam as mesmas verdades gloriosas do evangelho salvífico do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Esse é um lado argumentação do aludido presbítero. O outro, igualmente relevante, é o que reflete sobre o modo como devemos nos comportar quando a verdade de Deus está sendo atacada. Aqui, Portela propõe, com acerto, que devemos ser, ao mesmo tempo, tolerantes e intransigentes. A equação comportamental parece, numa visada inicial, contraditória, mas não é. A tolerância deve ser entendida como uma atitude respeitosa e educação em relação ao outro, acumpliciada a uma amorosa e firme intransigência. Intransigência, aqui encarada como a determinada disposição de não transigirmos, isto é, não ultrapassarmos, em nenhuma dimensão, por mínima que pareça ser, os limites fixados pelo próprio Deus, em sua imutável Palavra. No próximo domingo prosseguiremos. SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER. JOSÉ MÁRIO DA SILVA PRESBÍTERO

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