A SUBLIME REVELAÇÃO ESPECIAL DE DEUS

Na meditação dominical da semana passada, dissertamos sobre a revelação especial de Deus, a que se manifesta no grande livro da criação, em cujas páginas, de modo indelével, o Senhor espalhou as suas impressões digitais, “porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1.20). Tal revelação é extensiva a todos os homens. É incompleta e insuficiente para salvar os pecadores, embora seja mais do que suficiente para torná-los, sem nenhuma exceção, inteiramente indesculpáveis perante o criador. Como afirma o pastor presbiteriano Adão Carlos Nascimento, em seu excelente livro, A Bíblia é Nossa Testemunha, “O homem foi atingido. Espiritualmente ele tornou-se ignorante e embrutecido como um irracional. E, assim, ficou impossível compreender corretamente o que Deus nos fala através da natureza”. Quando lemos o soberbo livro da criação, nós nada aprendemos acerca do pecado, da graça salvadora, da redenção que há em Cristo Jesus, do evangelho bendito; enfim, das gloriosas doutrinas da graça e dos aspectos mais detidos e específicos das pessoas da Trindade, que criaram o mundo, preservam-no, providencialmente, e, de maneira bondosa, proveram uma eterna salvação para o seu povo, objeto do seu amor eletivo, pactual, incondicional e verdadeiramente salvífico. Todas essas verdades são comunicadas por intermédio da revelação especial. O desconhecido e inspirado autor da epístola aos Hebreus, acerca da natureza da revelação especial, assim se expressou: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1.1,2). Vemos aqui, claramente, que Deus falou, revelou-se ao homem, e o fez várias vezes, de maneiras diversas, notadamente pelos profetas, com o indesviável alvo de mostrar ao seu povo o seu plano de salvação eterna. Deus falou por meio de sonhos, visões, intervenções miraculosas, das palavras inspiradas dos profetas, tudo em estrita consonância com a história da redenção. Depreendemos, nitidamente, das palavras empregadas pelo sacro autor, que a revelação especial de Deus, em seu cerne, é portadora de um indisfarçável caráter progressivo, que se foi agenciando ao longo do tempo, até encontrar o seu definitivo e suficiente ápice na pessoa gloriosa de Jesus Cristo, a palavra final de Deus na história. Toda a Escritura sagrada aponta para Jesus Cristo. Ele é o ponto de convergência de todas as profecias que a seu respeito foram escritas em todo o Antigo Testamento. No Gênesis, ele é o descendente da mulher prometido, que será ferido no calcanhar, mas, ao mesmo tempo, destruirá o poder da serpente por intermédio da sua morte substitutiva e ressurreição justificadora dos seus eleitos, o que ocorreu, como sinaliza o apóstolo Paulo, na “plenitude dos tempos”. (Gálatas 4.4) No Êxodo, ele é o cordeiro imolado, cujo sangue, espargido nos umbrais das portas das casas dos seus escolhidos, é garantia de vitória certa contra o anjo da morte. Em Levítico, ele é o sacrifício perfeito, o único que nos franqueia o acesso a Deus. Em Números, ele é um profeta semelhante, e superior, a Moisés, a quem devemos ouvir incondicionalmente, dado que é o verbo supremo de Deus, encarnado, em quem “reside toda a plenitude da divindade” (Colossenses 1.9b). Em Deuteronômio, ele cumpre, irrasuravelmente, toda a lei de Deus, e, assim, torna-se, de fato, o nosso substituto eficaz. E por aí segue a supremacia indisputável daquele que é o ponto culminante da revelação especial de Deus: Jesus Cristo. A revelação especial de Deus, conquanto suficiente, não é exaustiva, pelo simples fato de que não nos revela tudo sobre Deus, sobre a misteriosa e indecifrável essência do seu ser. Nesse sentido, Deus é o “totalmente outro”, intocado e inapreendido em sua imanência pura. Por outro lado, ela é suficiente, em razão de que tudo quanto Deus quis que soubéssemos sobre ele, seu caráter santo, atributos sublimes, seu controle da história e grandes e poderosos atos de salvação, ele nos revelou, de modo a podermos, pela iluminação do seu Santo Espírito, conhecê-lo e adorá-lo em espírito e em verdade, como ele, de fato, quer ser adorado. De modo rigorosamente didático, podemos dizer que a revelação especial de Deus nucleariza-se pela confluência de quatro grandes narrativas que, integradas, perfazem a solene metanarrativa celestial. A primeira delas diz respeito à criação. Aqui, aprendemos que o mundo não é fruto do acaso, do arranjo fortuito e impessoal de uma suposta explosão cósmica, sem beleza e sem teleologia. Antes, é resultado de um projeto concebido por um Deus bom, santo, sábio e amoroso, que tudo fez para o seu louvor e glória, principalmente o homem, em quem pôs a sua imagem e semelhança, e a quem constituiu a coroa da criação. A segunda relaciona-se ao trágico relato da queda. Criado originalmente livre, com possibilidade efetiva de autenticar-se em santidade, o homem preferiu desconectar-se de Deus e quebrar a sua aliança; enfim, pecar, e atrair, para si, a justa ira de Deus. A terceira vincula-se à poderosa obra de redenção arquitetada pela Trindade nos invisíveis bastidores da eternidade e, posteriormente, consumada no tempo e na história por Jesus Cristo. Diante da proclamação de tão retumbante e gracioso feito do Pai/Filho/Espírito Santo, o pecador é exortado ao arrependimento e à fé unicamente na pessoa de Jesus Cristo. A quarta e última radica na restauração de todas as coisas, que será efetuada por Deus, quando Jesus Cristo retornar, glorioso, e o pecado for erradicado, definitivamente, do universo. Os salvos permanecerão para sempre com o Senhor. Os perdidos serão banidos da face do Senhor e da glória do seu poder (2 Tessalonicenses 1.9b). Novos céus e nova terra serão implantados. Alegria e paz no Espírito refulgirão por toda a eternidade. Que a revelação especial de Deus, a Escritura sagrada, seja o deleite permanente do nosso coração. SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER. JOSÉ MÁRIO DA SILVA PRESBÍTERO

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