O cristão e a igreja enferma

O POSICIONAMENTO CRISTÃO DIANTE DE UMA
IGREJA MORALMENTE ENFERMA
1 Co 1.1-17

INTRODUÇÃO
A Reforma Protestante foi um período ímpar na história da Igreja Cristã. A Igreja vinha de um período de trevas espirituais, com toda superstição e simonia próprias do catolicismo romano, o qual foi combatido e manchado com o sangue dos pré-reformadores. O advento da Reforma nos mostra que, diante daquela Igreja doentia, foi mister que grandes personagens como Lutero, Calvino, Zuínglio, dentre outros, cônscios da singularidade da Igreja de Cristo, se posicionassem ante o pecado que a assolava.
No entanto, a necessidade de se posicionar diante de uma Igreja enferma já existia desde o período do apóstolo Paulo. Isso pode ser visto com muita propriedade na perícope lida, a qual se encontra na primeira Carta aos Coríntios.

ELUCIDAÇÃO
Esta carta tem por autor Paulo, e é uma das cartas mais apreciadas em virtude da diversidade de questões abordadas. Paulo, em sua segunda viagem missionária (cerca de 50-52 d.C.; At18.1-11), chega a Corinto depois de haver passado por Atenas (Cf. At17.16-34) e verificado a tolice da sabedoria humana ante a simplicidade do Evangelho. Em Corinto ele sofre a oposição dos judeus e se volta para os gentios. Lá ele passa cerca de dezoito meses, contudo, após sua saída, percebe que aquela Igreja ainda era imatura, o que contribuiu para o surgimento de uma pluralidade de pecados.
Como esboço, 1 Coríntios pode ser dividida da seguinte forma:
I Introdução (1.1-9)
II O relato da casa de Cloe (1.10-6.20)
III Resposta à Carta dos Coríntios (7.1 – 16.12)
IV Conclusão (16.13-24).
O trecho que lemos encontra-se logo no início da carta, nos primeiros dezessete versículos, e nele percebemos que a necessidade de se posicionar diante de uma Igreja doente, como ocorreu nos períodos de Pré-reforma e Reforma, também era uma realidade no século I. Em virtude disso, proclamaremos hoje o Evangelho sob o tema “O POSICIONAMENTO CRISTÃO DIANTE DE UMA IGREJA MORALMENTE ENFERMA”
Surge então uma pergunta: De que forma Paulo se posicionou diante da enferma Igreja de Corinto? Bem, de acordo com o texto, Paulo se posiciona tomando três relevantes atitudes.

I PAULO RECONHECE A VOCAÇÃO DA GREJA

Já no v.1 o autor da carta se identifica como sendo Paulo. De acordo com At 22.3, ele nasceu em Tarso da Cilícia, importante cidade da Costa Oriental do Mediterrâneo, além de um notável centro intelectual. Seu nome hebreu era Saulo, mas em At13.9 vemos que ele também se chamava Paulo, ao contrário do que diz um hino da Harpa Cristã:
“Mui zeloso pela lei foi Saulo, perseguia o Povo de Deus. Mas transformado foi em um Paulo, pois achou ele a Rosa do Céu...”

Saulo não foi transformado em Paulo. Ele também se chamava Paulo! Certamente, o compositor não recordou de At13.9 durante a composição de seu hino.
O apóstolo foi educado por Gamaliel, famoso rabino de seu tempo e neto de Hillel, líder de uma das importantes escolas de interpretação da Torá. Mesmo possuindo tais atributos, os quais poderiam lhe proporcionar um certo “STATUS” naquela sociedade, Paulo prefere atentar para a sua cidadania celestial, obtida através da vocação soberana. Assim, o primeiro passo dado por ele para reconhecer a vocação da Igreja de Corinto foi declarar que ele, o fundador dela, também foi por Deus chamado.
Paulo afirma a sua vocação inicialmente ao declarar que foi “chamado pela vontade de Deus” (v.1). A palavra “chamado”(Gr. Kletos) aparece no Novo Testamento cerca de dez vezes e é utilizada pelo apóstolo sete vezes em suas cartas e, juntamente com outras, quase sempre designando a vocação divina. Esta é o processo pelo qual Deus chama aqueles que já foram predestinados para saírem do pecado, justificando-os e glorificando-os (Cf. Rm 8.29,30).
A expressão “pela vontade de Deus” acentua a origem de sua vocação. Esta não é fruto do voto democrático, mas do desígnio do Criador. Portanto, Paulo não vive para si, mas expressa a sua consciência de que pertence a Deus. E porque podemos ter esse entendimento?
Podemos assim entender porque Paulo aqui dá ênfase ao seu chamado para o apostolado. Ele no v.1 se declara “chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo”. E o que seria um apóstolo? Ora, desde o período do grego clássico (1000 a 330 a.C.) que “apóstolo” significava basicamente um “enviado”. Contudo, no N.T. o vocábulo pode ser usado tanto no sentido de um mensageiro do Evangelho enviado, como também se referindo ao grupo dos 12 apóstolos e Paulo. Com o sentido de mensageiros enviados no NT encontramos Barnabé, Timóteo, Epafrodito. Contudo, no sentido mais estrito (os 12 e Paulo), algumas credenciais foram necessárias:

• Ter sido chamado e enviado pessoalmente por Jesus (Cf. Jo 6.70; Gl 1.1);
• Haver testemunhado a ressurreição de Jesus (At 1.22; 1Co 15.8);
• “Sinais, prodígios e poderes miraculosos” (2Co 12.12).

Convém observar que em 1 Co 15.8 Paulo nos informa que para tal apostolado ele fora o último para quem Jesus apareceu: “e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo”. Algumas traduções dizem “... apareceu também a mim, como a um abortivo”, de modo que tanto o contexto como o tempo do verbo “apareceu” no grego deste versículo indica que tal aparição se deu no passado de forma completa. Portanto, para a tristeza dos modernos auto-intitulados “apóstolos”, as credenciais apostólicas não são neles vistas.
Depois de declarar que o seu ofício apostólico é fruto exclusivo da vocação divina, Paulo reconhece também a vocação da Igreja de Corinto.
Não obstante o apóstolo ter ciência de que a Igreja de Corinto possuía muitos problemas, ele não se furta de chamá-la no v.2 de “Igreja de Deus que está em Corinto”. A palavra igreja, que no grego é ekklesia, no mundo helenista era um termo técnico tradicional empregado para referir-se a reuniões políticas ou de agremiações. Mas já na metade do século I os cristãos começaram a designar suas próprias reuniões como ekklesia. A Igreja, então, é a comunidade daqueles que foram chamados para sair do mundanismo e pertencer a Deus. Além disso, Paulo corrobora o soberano chamado ao declarar, no v.2, que eles foram “santificados em Cristo Jesus”.
A palavra santo, no contexto em apreço, aponta para uma ideia de separação, de consagração. O particípio “santificados” (Gr. Hegiasménos) é singular na declaração paulina. A voz passiva e o tempo perfeito apontam para o fato de que eles sofrem a ação, ou seja, não são eles os autores dessa santificação. Eles são o objeto da santificação. Além disso, tal santificação foi realizada completamente no passado, tendo seus efeitos os alcançado. Eles foram santificados “em Cristo”. São declarados santos por causa da obra realizada pelo Senhor e de sua vocação, pois eles são “chamados para ser santos...”. Este chamado à santificação os insere na Igreja Universal.
Notemos que ainda no v.2 eles são “chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, senhor deles e nosso”. Eles não são exclusivos, nem mais santos do que ninguém. O seu chamado à santidade em nada difere do chamado dos demais cristãos espalhados pelo mundo. Eles fazem parte da Igreja universal, igreja esta que está espalhada pelo mundo, pois não há judeu nem grego, servo ou livre, mas todos são um em Cristo. Por isso Paulo os saúda com a mesma “graça e paz” destinada às outras igrejas, como aos Romanos, aos Efésios, aos Filipenses.
O apóstolo saúda no v.3 dizendo “graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Na literatura epistolar da Igreja primitiva, esta expressão aparece sempre na mesma ordem. Ainda que Paulo não tenha explicado o motivo da ordem das palavras, é indiscutível que somente aqueles que são graciosamente chamados podem declarar que são santos e desfrutam da paz que somente Deus pode dar.
O apóstolo não se limita a apenas reconhecer a divina vocação da Igreja em Corinto quando diz que tanto ela quanto ele, seu fundador, e todos os que invocam a Cristo são chamados para serem santos e servirem ao Senhor. Ele também expressa gratidão pela vocação de Corinto. Ou seja, ele não só reconhece a vocação alheia como também é grato por ela!

II PAULO É GRATO A DEUS PELA VOCAÇÃO DA IGREJA

A atitude de Paulo de agradecer pela salvação alheia poderia até soar como algo estranho. Quando dizemos que alguém está agradecendo a Deus, rapidamente inferimos que esse alguém agradece por algo por ele recebido. E mais estranho pode parecer pelo fato de que o apóstolo tinha consciência dos muitos problemas morais enfrentados por aquela Igreja. Entretanto, ele revela no texto um coração pastoral.
Quando analisamos as palavras de Paulo logo percebemos o seu espírito altruísta e piedoso. Olhando para as três dimensões do verbo grego eucharisto, traduzido por “dou graças” (v. 4), logo entendemos, pelo modo indicativo e voz ativa, que de fato ele tinha a atitude de orar agradecendo e que, pelo tempo presente, esta atitude era uma constante. Ele não diz que havia dado e nem que daria graças, mas que SEMPRE dava graças por causa do favor de Deus para com os Coríntios. Tal sentimento aflora no coração dele principalmente porque ele sabe que Corinto era uma cidade pagã e promíscua, e que mesmo assim o Senhor quis salvar alguns pela graça “que foi dada em Cristo Jesus”(v. 4).
A expressão “que foi dada” é a tradução de um particípio (Gr. dotheíse) cujos tempo (aoristo) e voz (passiva) nos comprovam que aqueles irmãos Coríntios são passivos recipientes de uma obra realizada completamente no passado, a qual os conduziu à salvação! ALÉM DA SALVAÇÃO, a análise do texto nos mostra que a OBRA de Cristo anterior também lhes tem proporcionado um enriquecimento em Cristo, em “toda a palavra e em todo o conhecimento” (v. 5). Eles, portanto, não deveriam se vangloriar por causa de dons, por exemplo, pois o que tinham era fruto de uma concessão divina, e não de méritos humanos.
Paulo agradece também porque o “testemunho de Cristo” (v. 6) foi confirmado neles!
O texto continua utilizando voz passiva e tempo aoristo também para o verbo Gr. ebebaiothe, traduzido no v.6 por “foi confirmado”. Essa confirmação do Testemunho de Cristo também está fulcrada naquela graça dada anteriormente. Deus, através de seu Santo Espírito, age de modo que a Igreja de Corinto venha desfrutar de tudo aquilo que Ele tem reservado graciosamente para ela.
É por isso que tais irmãos tem sido recipientes de dons, bem como tais dons tem sido dado no curso desta vida, enquanto “aguardam ansiosamente a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 7).
Além disso, Paulo também é grato pela certeza de perseverança que Deus proporciona àqueles irmãos.
O v.8 nos diz: “o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo”. Ou seja, aquela vocação da Igreja pela qual Paulo agradece não seria só para esta vida, pois eles seriam confirmados até o fim. Mas, para quê? Para serem “irrepreensíveis no Dia do nosso Senhor Jesus Cristo”.
O apóstolo não está dizendo que aqueles irmãos eram irrepreensíveis, perfeitos, inerrantes! Antes, está afirmando que, não obstante serem o que são, Deus age na vida Deles salvando-os, concedendo dons, sustentando-os até o fim e apresentando-os sem mácula no Dia do Juízo. Por tudo isto Paulo é grato, pois sabe que a salvação dos Coríntios se dá por causa da fidelidade de Deus e da graciosa vocação, conforme o v.9 que diz: “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor”.
Ainda que Paulo reconheça a vocação de Corinto e seja grato a Deus por esta vocação, o texto nos diz, por fim, que ele não prevarica ante o pecado da vocacionada Igreja.


III PAULO NÃO PREVARICA ANTE O PECADO DA VOCACIONADA IGREJA

A palavra prevaricação às vezes é desconhecida por algumas pessoas. Prevaricar é o ato de se omitir diante de uma situação sobre a qual alguém deveria tomar uma atitude. Por exemplo, um médico não deve se omitir diante de uma necessidade de socorro de urgência, e nem um policial deveria se esquivar de dar voz de prisão a um assaltante em flagrante delito, pois assim estariam prevaricando.
O apóstolo sabia que estava lidando com uma igreja formada por pessoas chamadas por Deus, mas que estava eivada de pecados. Ele não podia prevaricar diante do pecado. Não é porque ele os amava que iria fechar os olhos para os erros de Corinto. Mas como foi que Paulo agiu? Será que ele agiu rispidamente? Não! A correção paulina tem algumas características notáveis. Ela é, antes de tudo, uma correção amável.
Paulo não chega de forma soberba, impondo regras e mandando “todo o mundo” para o inferno. Ele inicia sua exortação de forma extremamente humilde e fraterna. Ele diz no v.10a “Rogo-vos, irmãos”. Mesmo sabendo dos erros, o apóstolo toma esta atitude amável de correção, reputando-os como “irmãos’!
Para Paulo, o nome irmão não era um mero termo “técnico”. Ele de fato sentia um amor fraternal por aqueles cristãos de corinto.
Além disso, sua correção é piedosa.
Paulo diz no v.10 que roga “pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Note que ele não recorre a algum tipo de autoridade papal, a uma pseudo-infalibilidade. Paulo não se achava infalível, mas um pecador salvo. POR ISSO ele comumente em suas cartas exorta seus leitores recorrendo à mediação de Deus ou de Cristo. Além da perícope analisada, isso pode ser visto noutras cartas, como em Rm 12.1 e 2 Co 10.1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”(Rm12.1); “E eu mesmo, Paulo, vos rogo, pela mansidão e benignidade de Cristo...”(2 Co 10.1).
Além de piedosa, a correção paulina visa a comunhão da Igreja.
O apóstolo no v.10 pede que eles falem “todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer”. A preocupação dele é que os Coríntios estejam unidos em suas observações e em seus julgamentos e que abandonem o seu sectarismo. Ou seja, quanto à intenção e o parecer, eles deveriam obter perfeita harmonia e continuar vivendo unidos e em paz.
A correção que visa a comunhão também deve ser “transparente”, desvelada.
Os vv.11,12 nos dizem o seguinte: “Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo”. Sem dúvidas, PAULO NÃO É ADEPTO DA FOFOCA! Ele faz questão de dizer à Igreja como ficou sabendo dos seus pecados. Será que foi através dos Presbíteros? Não! Foi por irmãos de lá mesmo, pelos da “casa de Cloe”. Tacitamente, Paulo nos informa sobre a inércia dos presbíteros de Corinto. Além disso, o Apóstolo põe o “dedo na ferida”. Ele diz claramente qual é o pecado principal: As contendas oriundas de partidarismos, divisões, grupinhos. Cada grupo abraçava um nome proeminente. Uns diziam que eram de Paulo, outros de Apolo, outro de Cefas, enquanto que o último dizia “Eu sou de Cristo”, provavelmente uma referência a um grupo que naquela igreja se achava “mais espiritual” do que os demais irmãos e que não queria se submeter à autoridade do apóstolo e dos presbíteros da Igreja.
Por sinal, há uma canção, muito conhecida hoje, que induz a este erro: “Eu não conto pra ninguém. Ninguém precisa saber do que faço e do que deixo de fazer...” (Marcos Antônio). É como alguns irmãos dizem: “Eu não devo satisfação a pastor! Ele que cuide da vida dele. Ele é tão certinho mesmo!” Esta é uma postura ímpia! Os presbíteros da Igreja estão à frente dela para, com a autoridade oriunda de Cristo, a governarem para o bem do Reino.
Vemos também que Paulo não prevarica porque em sua correção ele se preocupa em instruir.
O apóstolo mostra que o pecado dos irmãos em Corinto implicava numa falsa teologia. O partidarismo deles acabava por produzir uma Eclesiologia anômala. No v.13a, ele pergunta: “Acaso, Cristo está dividido?”. Para Paulo, a Igreja é o corpo de Cristo e não pode ser dividida, cf. 1 Co12.27: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo”.
Além dessa eclesiologia anômala, o pecado deles também acabava por substituir Cristo pelo nome do apóstolo ou profeta exaltado por cada grupo. No v.13b, Paulo nos faz duas perguntas: “Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo”? A grande ênfase dada a personagens da época deixava Cristo em segundo plano.
Por fim, Paulo diz que a ênfase dada à sabedoria de palavras, à capacidade dos personagens idolatrados em detrimento do Evangelho puro e simples implicava numa anulação da cruz, numa “Soteriologia da cruz Inócua”, conforme nos relata o v.17: “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que não se anule a cruz de Cristo”.
Por causa do partidarismo da Igreja de Corinto a sã doutrina acabava sendo substituída por um monstro teológico de várias cabeças! Teríamos uma Eclesiologia anômala, uma cristologia plural e subjetiva e também uma soteriologia instável.

CONCLUSÃO

Diante de uma Igreja como Corinto, eivada de pecados, talvez muitos cristãos no tempo de Paulo não tenham conseguido ver algo além dos muitos defeitos. Entretanto, o apóstolo conseguiu reconhecer que Deus chamou para si homens os quais, naturalmente, não compreendiam e nem desejavam se submeter à Lei de Deus(Cf.1Co 2.14). Acerca dessa vocação eficaz, a Confissão de Fé de Westminster no Capítulo X, Seção I, ao conceituá-la nos diz por que tal doutrina é tão relevante:
Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só estes, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente, pela sua Palavra e pelo seu Espírito, tirando-os daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação, em Jesus Cristo.

Além de reconhecer a vocação da Igreja de Corinto, vimos também o apóstolo orar continuamente agradecendo a Deus por tal favor. Mesmo que muitas vezes tenha visto até o não reconhecimento do seu apostolado por parte de grupos dissidentes, semelhantemente a José em relação a seus irmãos, Paulo consegue ver além dos pecados dos irmãos, vislumbrando a graça de Deus que os susteria até o Dia de nosso Senhor Jesus Cristo.
Por fim, mesmo que ele tenha atentado para aquilo que é mais importante, que é a vocação soberana e eficaz, e o ser grato a Deus por ela, Paulo não se omite diante dos pecados da Igreja. Ele sabe que a correção é imprescindível, ainda que amável, piedosa, fraterna, sincera.

APLICAÇÃO

Quando olhamos para a nossa realidade, para a situação espiritual da Igreja no Brasil, cheia de divisões nas mais diferentes esferas, inclusive doutrinárias, algumas perguntas nos vem à mente:
• Qual tem sido a nossa percepção dessa realidade?
• Temos condenado todos, “lançando todo mundo no inferno”?
• Só conseguimos ver defeitos, ou será que partimos para o outro extremo de não ver os defeitos, nos omitindo diante dos pecados?
A nossa oração é que possamos agir como Paulo, reconhecendo a nossa vocação, agradecendo a Deus por ela, porém não prevaricando diante do pecado, e isso para o nosso próprio bem.
Que Deus nos abençoe.

Anderson José Teixeira Cavalcanti de Barros

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