Quando passamos a meditar mais
profundamente nas palavras proferidas por Jesus Cristo durante o seu ministério
nas terras da Palestina, damo-nos conta de que para a nossa alma não há
atividade mais plenificante do que essa, porque, de fato, as palavras que
brotaram dos santos lábios do Filho de Deus, e que foram infalivelmente
registradas por homens que as escreveram sob a inerrante supervisão do Espírito
Santo, são caminho, verdade e vida, roteiro seguro para nos instruir acerca de
tudo quanto precisamos saber sobre Deus e os valores eternos do seu inabalável
reino.
Assim, numa época como a em que
estamos inseridos, caracterizada por uma espécie de babel de vozes que se
cruzam, recruzam e embaraçam os seres humanos, que se veem cada vez mais
perdidos, sem rumo certo, nem direção confiável, nada pode exceder a delícia
dos pastos verdejantes e a cristalinidade das águas tranquilas, para as quais
somos conduzidos pelas poderosas palavras de Jesus Cristo.
As poderosas palavras de Jesus
Cristo são esclarecedoras, dissipam as sombras da ignorância e nos propiciam o
conhecimento verdadeiro acerca do Pai. As Escrituras Sagradas, com
especialidade os evangelhos, apontam-nos algumas situações em que as palavras
de Jesus Cristo trouxeram libertadora luz a quem perecia nas trevas do engano e
da incompreensão. Dentre essas, penso que avulta como das mais relevantes a que
põe em cena os desanimados e decepcionados discípulos de Jesus Cristo que iam
para a cidade de Emaús.
A narrativa encontra-se presente
no evangelho escrito pelo médico e historiador Lucas. Presumindo que a promessa
da ressurreição de Jesus Cristo não passara de uma ilusória falácia; e que a
morte do Filho de Deus era o último capítulo de um enredo tecido e destecido
pelos ingredientes de uma fé falsa e de uma frustração verdadeira, dois
discípulos de Jesus Cristo, enquanto caminhavam para a cidade de Emaús,
travaram um diálogo cindido entre a tristeza e a desesperança, cuja essência
poderia ser sumariada da seguinte forma: Cristo Jesus, em quem depositamos toda
a nossa fé, morreu. Há três dias jaz sob a lápide fria de uma indiferente
sepultura. A prometida ressurreição dentre os mortos não passou de um cruel
engodo. E a nós, incautos e crentes numa rematada mentira, o que resta é a
vergonha por termos acreditado numa tola fantasia e, pior, o ódio e a
perseguição das autoridades político-religiosas de Roma e de Israel.
Eis o flagelo existencial que se
abatera sobre dois homens tristes, solitários e invadidos pelo paralisante
sentimento do medo. Conquanto tivessem convivido com Jesus Cristo, ao longo de
três fecundos anos, os discípulos de Emaús, como vezes sem conta acontece
também conosco, haviam se tornado presas fáceis dos tentáculos agrilhoantes da
incredulidade. Vendo-os assim, nesta lastimável realidade, Jesus Cristo
aproxima-se deles, os censura pela incompreensão teológica e falta de
discernimento espiritual; e, por fim, abre-lhes o entendimento a fim de
levá-los a compreender, cabalmente, o que a seu respeito estava escrito na
totalidade das Sagradas Escrituras. Ao instruí-los por meio das Escrituras
Sagradas, Jesus Cristo ensina que era necessário, sim, que o Cristo morresse,
substitutivamente, pelos pecados do seu povo. Era necessário, sim, que ele
ressuscitasse ao terceiro dia a fim de conferir ao seu povo suficiente e
definitiva justificação pela fé. Era necessário, sim, que ele retornasse ao
Pai, vitorioso, e dos céus enviasse o seu Santo Espírito, selo da nossa
redenção, penhor da nossa herança, garantia segura de que somos propriedade
definitiva de Deus, herdeiros de uma tão grande salvação, conquistada,
graciosamente, para nós, pelo sacrifício eficaz de Jesus Cristo na cruz do
calvário.
Também hoje, pelo diligente
estudo das Sagradas Escrituras e pela indispensável iluminação que nos advém da
operação do Espírito Santo, podemos ser esclarecidos pelas poderosas palavras
de Jesus Cristo, que alargam as fronteiras da nossa mente, dilatam os compassos
do nosso coração e nos levam a conhecer e a continuar conhecendo ao Deus único,
vivo e verdadeiro, capacitando-nos, deste modo, a amá-lo, servi-lo e adorá-lo
em espírito e em verdade, prestando-lhe, continuamente, o culto que lhe é
devido e, de igual modo, vivendo de modo agradável e consonante com a sua
santidade. Que as poderosas palavras de Jesus Cristo continuem a ser o permanente
alimento da nossa alma. SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER.
JOSÉ
MÁRIO DA SILVA
PRESBÍTERO
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