O Falar em Línguas no livro de Atos dos apóstolos
Muito se tem feito em cultos pelo Brasil afora sob o pretexto de espiritualidade, e uma delas é o falar em línguas “estranhas”. Pentecostais dizem que tradicionais são frios e não tem experiência com Deus e estes dizem que aqueles estão equivocados quanto às suas experiências. Considerando que os protestantes afirmam desde o período da Reforma o princípio do SOLA SCRIPTURA, e que as experiências religiosas devem ser aferidas pela Palavra, pois até os espíritas e hindus tem experiências religiosas, então vamos analisar neste breve artigo a natureza das línguas faladas pelos cristãos segundo o texto neotestamentário, e depois observar se o que ocorre hoje é o mesmo fenômeno.
Pois bem, iniciemos com Atos dos apóstolos. Em At 2.1-11 podemos ver que o fenômeno produzido pelo Espírito Santo foi o falar nas línguas dos outros homens que haviam peregrinado até Jerusalém no Dia de Pentecostes para a adoração. Em At 2.8 encontramos: “e como os ouvimos falar em nossa própria língua (grego dialekto) materna?”. A palavra Gr. Dialekto, como já falado no artigo “e as línguas estranhas?”, é o que entendemos por dialeto no nosso bom português. Depois encontramos o v.11: “tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas (Gr. Glossais)...”. Já falamos também antes que a palavra Gr. Glossa é utilizada para idiomas humanos quando se refere ao ato de falar no Novo Testamento. Dessa forma, entende-se claramente que os discípulos naquele dia falaram em outros idiomas de um modo sobrenatural, pois eles não dominavam aquele saber. Eles não falaram “alabacanta alabaxéria”. Antes, glorificaram a Deus em “línguas idiomáticas”. Há quem pense que eles falaram em línguas ‘alabacânticas’ e os ouvintes miraculosamente entenderam a mensagem. Contudo, não devemos nos esquecer de que o Espírito havia descido sobre os discípulos e que a profecia de Joel 2.28,29 previa que os fenômenos se dariam sobre os agraciados.
Em seguida temos o texto de Atos 10.44,45, onde o Espírito Santo desce sobre os gentios e estes falam em línguas. Além da palavra língua ser a mesma que é utilizada noutros textos como idioma (Gr.glossa), o próprio Pedro diz aos crentes judeus que o fenômeno fora da mesma natureza que o do dia de Pentecostes, ou seja, eles também falaram IDIOMAS: “Quando... comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS, no princípio”(Atos 11.15). Não aconteceu nada de diferente no que diz respeito à natureza das línguas. Há, por fim, o texto de At 19.1-6, onde aqueles discípulos dispersos de João Batista recebem a fé cristã e são novamente batizados, só que agora em nome de Jesus. Após a imposição de mãos de Paulo, eles recebem o Espírito e tanto falam em línguas (glossa) como profetizam (v.6). Lucas, como bom historiador que era, não deixaria de informar a Teófilo, o destinatário do manuscrito (At 1.1; Lc 1.3), caso as línguas aqui faladas fossem de natureza diferente das faladas em Atos 2 e 10. Por isso que simplesmente ele usa glossa , sem fazer nenhuma consideração. Portanto, não há dúvidas de que as línguas faladas na igreja apostólica foram idiomas humanos concedidos sobrenaturalmente pelo Espírito de Deus. Mas e as línguas de Corinto? Bem, abordaremos o texto de 1 Co 12-14 num outro artigo. Entretanto, se havia diferença entre as línguas da Igreja em Corinto e as relatadas nas passagens supracitadas (de Atos), creio que Lucas teria dado uma “escorregada” em não registrar isso, pois não se pode desconsiderar três coisas: primeiro, que antes de falar das línguas em Éfeso (At 19), Lucas registra que Paulo havia passado já pela cidade de Corinto (At 18.1,5-11) e pregado o Evangelho; segundo, há uma preocupação da parte de Lucas em relatar fielmente tudo o que diz respeito à história da igreja (At 1.1-8); terceiro, sabe-se que Lucas foi discípulo de Paulo, e que escreveu Atos por volta do ano 63 d.C., enquanto que o apóstolo já havia escrito 1 Co por volta do ano 55 d.C., ou seja, caso as línguas de Corinto registradas na carta de Paulo fossem diferentes das que Lucas ainda iria relatar em Atos, este certamente teria feito suas considerações quando falasse em Atos 18 da igreja em Corinto. SERIA UMA DISPLICÊNCIA SEM IGUAL OMITIR DETALHES ACERCA DE UM DOS DONS DO ESPÍRITO SANTO! Assim, os crentes que hoje se dizem pentecostais, mas falam línguas diferentes das registradas em Atos, deveriam mudar a forma como se autodenominam, visto que os sons desconexos emitidos por eles quando alegam estar reproduzindo o dom nada tem a ver com os textos bíblicos analisados. No próximo artigo nos deteremos na primeira carta de Paulo aos coríntios.
Um forte abraço!
Anderson José Teixeira Cavalcanti de Barros.
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