Este post é um estudo em resposta a questionamentos sobre o Domingo.
INTRODUÇÃO
Sabemos que controvérsias têm sido uma constante no universo protestante. Isto porque, recebemos o legado dos reformadores de não submetermos a nossa fé a nada alem daquilo que as escrituras dizem (I Cor. 6:4), daí o conhecidíssimo lema protestante de “sola escriptura”. Entretanto, há certos fatos polêmicos que geram não poucas divergências dentro do nosso contexto religioso, e divergências de tal monta que chegam a implicar e ser o divisor de águas entre o ortodoxo e o herético. Um desses fatos tem a ver com o primeiro dia da semana comumente conhecido como: Domingo. Visto grosso modo, a questão pode parecer um tanto quanto trivial, mas não é.
O domingo tem sido alvo de ferozes ataques de grupos extremistas dentro da cristandade, conhecidos mormente como sabatistas, destacando em especial os Adventistas do Sétimo Dia e suas mais variadas facções, haja vista, a enorme quantidade de literaturas que são produzida por estas seitas a fim de tratarem do tema.
Ante tal complexa questão teológica, qual o veredicto a ser dado? O domingo ou o sábado, qual e o dia do Senhor afinal ? O domingo e realmente pagão? Quem adora a Deus no Domingo esta selado com a marca da besta?
Para responder estas e outras perguntas e dar uma resposta sólida aos antagonistas do domingo, forneceremos subsídios para realçar o ponto de vista conservador seguido através dos séculos pelo cristianismo histórico-ortodoxo.
O ALIBI ADVENTISTA
Os adventistas no afã de defender o sábado judaico em detrimento do domingo usam de argumentos ardilosos e desonestos, entrementes apelam para a historia com o fito de angariar apoio para suas teorias, contudo ledo engano!
A principio, todos os adventistas rezam pela mesma cartilha, qual seja, alegando que o domingo e um dia pagão, outrossim, para achar suporte à tão descabida acusação chegam a distorcer fatos históricos importantes que se levados em conta desmantelariam por completo o arcabouço levantado por eles.
Via de regra tais acusações se baseiam apenas em conjeturas. A simples assertiva de que os pagãos possuíam o primeiro dia da semana como dia do sol, dedicado ao deus Mitra, bem como uma suposta apostasia da igreja já e prova mais do que suficiente para eles de que o domingo que os cristãos tem hoje como dia de descanso dedicado a Cristo, nada mais e do que uma pratica paga cristianizada pela igreja de Roma, e então anatematizam os cristãos que tem o domingo como dia do senhor, por estar adorando a Deus num dia espúrio.
Estes foram os pressupostos que levaram o teólogo adventista Samuele Bacchiocchi, a ostentar em ser o primeiro não católico a defender tese e se formar na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. (Uma instituição católica romana), posteriormente este trabalho deu origem ao livro “Do Sábado Para o Domingo”, sendo atualmente o que há de melhor na literatura adventista a respeito do assunto. Todavia e interessante frisar que Bacchiocchi escolheu ter seu trabalho associado a uma instituição que a Igreja Adventista vê como " A besta do Apocalipse ", e a razão é óbvia, ou seja, provar que o Papa mudou o sábado como Ellen G. White, a profetisa inspirada dos adventistas declarava. Assim Bacchiocchi precisa estabelecer desesperadamente que o Papa mudou o sábado para o domingo porque sem esta ligação, Ellen G. White fica desmascarada como falso profeta. O interessante e que os adventistas condenam todas as outras reivindicações que a igreja Católica faz, com exceção justamente desta, de ter mudado o sábado para o domingo.
Não vamos aqui refutar todas as especulações teológicas de Bacchiocchi, pois ultrapassaria o escopo deste assunto, no entanto nos deteremos apenas no que tange a acusação de paganismo.
SOFISMAS DE BACCHIOCCHI
Bacchiocchi afirma que a razão por que a igreja de Roma adotara o domingo como o dia cristão de adoração, em vez do Sábado, era porque o dia pagão chamado “Dia do Sol” na semana planetária, já tinha ganhado significação especial nos cultos solares do paganismo, e adotando este dia os cristãos pôde explorar o simbolismo de Cristo como sol da justiça que já estava presentes na própria tradição religiosa deles.
REFUTAÇÃO:
Entrementes, Bacchiocchi peca em não levar em conta a resistência a praticas pagãs no cristianismo primitivo, particularmente contra o gnosticismo. Veja por exemplo Tertuliano, que se separou da igreja de Roma e era um árduo defensor do domingo. Se o bispo de Roma estivesse impondo praticas pagas aos cristãos, certamente ele seria um dos primeiros a denunciar isto e em contra partida se abster de tal pratica. Mas não o fez pelo simples fato do domingo ser um dia sagrado desde os tempos apostólicos. É verdade que, tempos depois, alguns lideres cristãos exploraram o simbolismo do dia pagão, mas ter adotado o dia pagão do sol de fato como o dia cristão de adoração porque era proeminente nos cultos pagãos do deus sol realmente teria sido um passo muito corajoso. Até mesmo se a igreja de Roma tivesse dado este passo, fica mais inexplicável até mesmo que o resto da igreja seguiu sem nenhuma objeção. Ele mesmo admite isso quando afirma que: “ A associação entre o domingo Cristão e a reverência pagã do dia do Sol não é explícita antes do tempo de Eusébio (260-340 D.C). Embora Cristo seja referido freqüentemente pelos Pais primitivos como “Verdadeira Luz” e “ Sol da Justiça”, nenhuma tentativa deliberada foi feita antes de Eusébio para justificar a observância do domingo por meio da simbologia do dia do Sol ". (Do Sábado para domingo, p 261, por Samuele Bacchiocchi). Note, ele mesmo admite que não há nenhuma documentação histórica antes de 260 D.C. Em outras palavras, admite que não há nenhuma prova direta somente suposições.
Novamente Bacchiocchi provê um paralelo: a celebração de Natal no dia 25 dezembro derivado do culto do sol que foi promovido pela igreja de Roma. Mas este paralelo veio depois de Constantino quando influências pagãs no meio cristão estavam assaz avançadas, e sabemos que essa Igreja não teve êxito impondo esta inovação universalmente ao longo das igrejas orientais como se nota ainda hoje.
O problema com esta tese e que não se coaduna com os fatos, pois cada dia da semana foi nomeado em honra a algum deus e, em certo sentido, foi dedicado à adoração daquele deus, A semana planetária egípcia indicava os dias através das designações dos astros: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua. Na semana romana Saturnus, ainda com a imitação da semana egípcia, seria o sábado; Sol seria o domingo; Luna, a segunda-feira; Mars, a terça-feira; Mercurius, a quarta-feira; Juppiter, a quinta-feira; Vênus, a sexta-feira.
Dá-se, então, a influência judaica, cuja semana começava pelo dia sagrado sabbâtt, oriundo do babilônio sabattum, composto de sag, que significava "coração", e bat, "chegar ao fim"; a idéia era do "repouso do coração". Na semana romana, o Saturnus dies passou a sabbatum pela influência judaica. O calendário hebraico apresentava os dias, o Sabbatum, que era o mais importante, o dia sagrado, o sábado, o prima sabbati, secunda sabbati, tertia sabbati, quarta sabbati, quinta sabbati, sexta sabbati.
Com a chegada do Cristianismo, o primeiro dia foi dedicado ao Senhor, o dia do descanso, dies Domenicus. O sabbatum judaico, ironizado pelos romanos, que zombavam da circuncisão e do jejum, e já tendo perdido o valor religioso, passou ao último dia da semana. Assim ficou a semana no calendário romano: dies Domenicus / dies Lunae / dies Martis / dies Mercurii/ dies Jovis / dies Veneris / e o Sabbatum, o último dia.
Mas eles cessaram o trabalho nestes dias? Não; se eles os tivessem, teria detido a semana inteira. Eles observaram o domingo deixando de trabalhar? Não, realmente. Nunca tal coisa foi ensinada ou praticada pelos romanos. Eles não tiveram nenhum dia de descanso semanal. Escritores pagãos como Sêneca, Pérsio, Marcial, Juvenal criticavam e ridicularizavam o dia de descanso semanal dos judeus asseverando que era uma parte preciosa do tempo jogado fora! Observe o que diz Moule quanto a isso: “Nas sociedades Pagãs não havia nenhum dia semanal de descanso, só os festivais pagãos a intervalos irregulares” (Moule, Nascimento do Novo Testamento, pág., 18 citado por Robert D. Brinsmead). Ainda Brinsmead citando Rordorf acrescenta:
“Nos primeiros séculos da história da Igreja até o tempo do Imperador Constantino não foi permitido aos cristãos observarem o domingo como um dia de repouso no qual lhes obrigavam, por causa do princípio, de se privar do trabalho. A razão para isto simplesmente era que ninguém no Império Romano inteiro, nenhum judeu, nem gregos, nem romanos, paravam o trabalho no domingo” (Willy Rordorf, domingo: A História do Dia de Repouso nos Primeiros Séculos da Igreja Cristã (Filadélfia: Westminster Press, 1968], pp. 154-55).
Recentes pesquisas apontam para o fato de que nenhuma celebração religiosa especial de qualquer um dos dias da semana pode ser mostrada em qualquer uma das religiões pagãs. Demais disso, nós sabemos que essa religião de mistério não rivalizava com o Cristianismo apenas em relação ao domingo mas se estendia a varias praticas, tais como: um deus-salvador que nasceu de uma virgem, morte e ressurreição, local reservado para culto, batismo, convicção em um julgamento final, castigo eterno para os maus, que o mundo seria destruído através do fogo, ritual com bebida cruenta, o que seria uma versão da santa ceia e muitas outras similaridades a ponto de muitos pais da igreja chamá-lo de “plagio satânico”. A respeito da santa ceia, Justino, o mártir, explica em sua "I Apologia" que os demônios (seguidores de Mitra), também usavam em suas iniciações os elementos da ceia acompanhados por palavras tal qual os cristãos faziam.
O Apologista o via como uma "transversão satânica dos mais sagrados rituais de sua religião" (Franz Cumont, The Mysteries od Mithra). Como bem expressou o célebre teólogo e erudito Dr.Robert H. Gundry em seu “Panorama do Novo Testamento”: “...o mais provável é que as religiões de mistérios é que tenham tomado por empréstimo certas idéias do cristianismo, e não vice-versa”. Pergunto: seria pagão o batismo e a santa ceia pelo fato do Mitraismo também usa-los em seus rituais? Concordariam com isto os adventistas? Claro que não! Mas então por que fazem exceção quanto ao domingo? Somente existe uma resposta satisfatória, desonestidade!
Se seguirmos a linha de raciocínio esposada por eles a coisa se complica posto que muitas praticas usadas pelos sabatistas tiveram suas replicas no paganismo, a titulo de ilustração podemos citar a cruz (logotipo da IASD), a arvore de natal que fora incentivada ate mesmo por Ellen G. White, e muitas outras doutrinas. Outrossim, o velho argumento do domingo ser chamado em inglês, sunday que traduzido quer dizer “dia do sol” não prevalece, pois eles teriam de revelar concomitantemente que sábado e´ saturday (dia de saturno) que também era um dos nomes variantes do deus sol. Como vimos, e verdade que em alguns idiomas o domingo é chamado de “dia do sol”, mas é também verdade que em outros ele é chamado de “dia da ressurreição”, assim temos em língua grega bizantina “anastasimós”, na língua russa “vosskresenije” na basca “igandea”. São todos nomes que significam a mesma coisa: “ressurreição”. Já em outras, o primeiro dia da semana – o domingo, é chamado de “dia do Senhor” como em grego “te kyriake hemera”, em irlandês “Dia domhnaigh” ou “na Domhnach”, em latim “dies dominica”, em italiano virou “domenica”, em francês “dimanche”, e em português “domingo”. As provas são por demais contundentes para serem negadas! Porque os nossos antagonistas não declaram isso em seus livros e folhetos ? Simplesmente por que isto complicaria e muito seus malabarismos!
CONTRADIÇÕES
Mutações de doutrinas e uma das características distintivas das seitas, o que era matéria de fé tempos atrás hoje já não e mais, a IASD de modo algum se constitue em exceção. Foi assim com a doutrina do santuário, com o calculo da volta de Cristo que demonstrou ser um verdadeiro anacronismo e mais recentemente devido às pesquisas históricas de Bacchiocchi, muitas crenças sobre a lei e a mudança da guarda dominical tem sido abandonadas. Por exemplo, foi crido por anos entre os adventistas e ensinado por sua “profetisa inspirada”, que originalmente o Papa havia começado a adoração no domingo, depois ela achou que não foi bem assim e disse que o Imperador Constantino introduziu a “adoração” no domingo em 325 DC. Hoje porem, os adventistas culpam o imperador Adriano (135 D.C) e não mais o Papa ou Constantino! O pior de tudo e que essas contradições são mascaradas com o conhecidíssimo chavão: “verdade presente”, uma variante da expressão “lampejos de luz”, usada pelas Testemunhas de Jeová com o fito de dissimular suas vergonhosas incoerências doutrinarias!
Samuele Bacchiocchi, escreveu em uma mensagem de E-mail à “lista de clientes” católica Grátis catholic@american.edu no dia 8 de fevereiro de1997 dizendo: “eu difiro de Ellen White, por exemplo, na origem do domingo. Ela ensinava que nos primeiros séculos todos os cristãos observaram o Sábado e era em grande parte pelos esforços de Constantino que a guarda do domingo foi adotado por muitos cristãos no quarto século. Minha pesquisa mostra ao contrário. Se você lesse minha composição “Como a Guarda do Domingo Começou?” que resume minha dissertação, você notará que eu coloco a origem da Guarda do domingo até a época do Imperador Adriano, em 135 D.C.” Em outras palavras, o historiador corrigiu os escritos inspirados de sua profetisa! Diante disso fica esmiuçada as bajulações inconsistentes de A B Christianini em “Subtilezas do Erro” quando diz: “... Os testemunhos orais ou escritos da Sra. White preenchem plenamente este requisito, no fundo e na forma. Tudo quanto disse e escreveu foi puro, elevado, cientificamente correto e profeticamente exato...Os seus detratores...procuram inventar contradições e inexatidões...” ( pág. 35 grifo nosso)
E claro que esta suposição não tem respaldo histórico, haja vista existiram documentos que comprovam que o domingo já era pratica crista aceita bem antes de 135 D.C como bem atestam as seguintes cartas:
- Justino, o Mártir: 100-167d.C. Eis aqui como Justino, o Mártir, descreveu o culto primitivo dos cristãos: “No Domingo há uma reunião de todos que moram nas cidades e vilas, lê-se um trecho das memórias dos Apóstolos e dos escritos dos profetas, tanto quanto o tempo permita. Termina a leitura, o presidente, num discurso, admoesta e exorta à obediência dessas nobres palavras. Depois disso, todos nos levantamos e fazemos uma oração comum. Finda a oração, como descrevemos antes, pão e vinho (suco de uva) e ação de graças por eles de acordo com a sua capacidade, e a congregação responde, Amém. Depois os elementos consagrados são distribuídos a cada um e todos participam deles, e são levados pelos diáconos às casas dos ausentes. Os ricos e os de boa vontade contribuem conforme seu livre arbítrio; esta coleta é entregue ao presidente (pastor) que, com ela, atende a órfãos, viúvas, prisioneiros, estrangeiros e todos quantos estão em necessidade”(Manual Bíblico, Halley)
- Inácio, 100d.C., disse: “Aqueles que estavam presos às velhas coisas vieram a uma novidade de confiança, não mais guardando o Sábado, porém vivendo de acordo com o dia do Senhor (Domingo)”.
- O ensino dos Apóstolos, 90-100 obra siríaca: Encontramos um testemunho muito interessante na obra citada, que data da segunda metade do século III, segundo a qual os apóstolos de Cristo foram os primeiros a designar o primeiro dia da semana como dia do culto cristão: “Os apóstolos determinaram, ainda: no primeiro dia da semana deve haver culto, com leitura das Escrituras Sagradas, e a oblação. Isso porque mo primeiro dia da semana o Senhor nosso ressuscitou dentre os mortos, no primeiro dia da semana o Senhor subiu aos céus, e no primeiro dia da semana vai aparecer, finalmente com os anjos celestes” (Ante-necene fathers, 8668).(Enciclopédia Vida, Archer)
- Tertuliano: 160-220. No início do século III, Tertuliano chegou a afirmar que: “Nós (os cristãos) nada temos com o Sábado, nem com outras festas judaicas, e menos ainda com as celebrações dos pagãos. Temos nossas próprias solenidades: O Dia do Senhor... (On indolatry 14). Em “De oratione”(23). Tertuliano insistia na cessação do trabalho no Domingo como dia de culto para o povo de Deus.
Mas para os sabatistas de nada valem tais testemunhos, pois para eles todos estes cristãos estavam contaminados com paganismo! A pertinácia adventista encontra seu verdadeiro significado nas palavras de A .B Christianini: “...e continuamos a insistir na tese da origem paga da observância dominical” (Subtilezas do Erro, pág. 236)
CONSTANTINO E O DIES SOLIS
Outro fato que amiúde e alardeado pelos sabatistas, tem a ver com o Sicut indignissimum, edito de Constantino em 3 de julho de 321, que entre outras coisas rezava: “Que todos os juizes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do sol”. Mesmo entre os adventistas existem divergências quanto a finalidade desta lei. Uns dizem que foi para favorecer a Igreja outros porem argumentam que pelo contrario, foi uma lei apenas civil para pagãos. Não obstante, este foi um dos vários decretos que Constantino fizera para favorecer os cristãos. O livro, "História Eclesiástica" de Eusébio de Cesaréia, a partir do livro X, descreve as ações de Constantino em prol da Igreja. Seus decretos imperiais mostram um imperador ecumênico (aquele que gosta de agradar a gregos e troianos), semiconvertido, preocupado mais com política do que com coisas espirituais. Isto é mostrado as escancaras, veja: "QUE QUALQUER DIVINDADE E PODER CELESTIAL QUE POSSA EXISTIR SEJA PROPÍCIO A NÓS...É ASSIM QUE PODEMOS CONCEDER AOS CRISTÃOS E A TODOS IGUALMENTE A LIVRE ESCOLHA DE SEGUIR O TIPO DE ADORAÇÃO QUE QUISEREM"
Note que Constantino engloba em seus decretos todas as religiões, sendo a maioria pagã e a minoria cristã. Quando ele favorece os cristãos que se depreende das afirmações a seguir "...que concedemos aos cristãos liberdade e liberdade plena para observarem seu modo peculiar de adoração", está abrindo a porta para que possam adorar como querem e no dia que mais lhe agradarem (o que já era pratica da Igreja). Quando ele usa a expressão pagã, "Venerável dia do sol", não está de modo algum impondo a honra deste dia ou divindade, mas apenas usando uma expressão que era peculiar àquele povo naquela conjuntura. Não adiantaria nada escrever em um decreto que posteriormente iria ser lido publicamente, usar uma expressão menos conhecida como "Dia do Senhor", expressão esta tipicamente cristã, quando a maioria pagã não a entendia! Tanto e verdade , que Justino, o mártir, usa em sua epístola enviada ao Imperador pagão Antonino a expressão "No dia que se chama do sol..." (I Apologia 67, 3. 7), para que o imperador pagão pudesse entender. É mais ou menos como dizer a um americano que vou a igreja não no domingo (Dia do Senhor) mas no sunday (dia do sol), isto não compromete em nada o dia cristão. Algo análogo aparece na narrativa bíblica de Nabucodonosor, quando este afirma que o quarto homem dentro da fornalha de fogo era semelhante ao “filho dos deuses” (Daniel 3:25). Esta expressão prova que ele usou apenas o vocabulário corrente extraído do contexto politeísta no qual vivia para aludir ao anjo do Senhor. E foi desta maneira que Constantino usou aquela expressão. A conotação que a IASD da a esta expressão e por demais aviltante. Não há de se falar em "imposição" dominical, os fatos quando analisados honestamente não comportam tal idéia!
Outro fato de suma importância que passa despercebido e que raramente, ou nunca e´ comentado pelos sabatistas, e´ quanto ao resto da frase onde reza: “Aos que residem no campo, porem permita-se a entregarem-se livremente aos misteres de sua lavoura”. Veja que aos camponeses não foi imposta nenhuma lei dominical. Ora, sabemos que tais eram chamados de “pagani, nome latino que serviu para designar os camponeses, serviu para criar o termo e a noção de paganismo que engloba toda atitude religiosa hostil ao Cristianismo: prova eloqüente da impermeabilidade dos campos ocidentais `a pregação cristã dos primeiros séculos”(O Cristianismo Primitivo, pág. 102 – Stan-Michel Pellistrandi). Era aquele que não tinha aceitado o cristianismo ou sido batizado. E sabido que o cristianismo alcançou primeiramente as cidades e só depois os campos (zona rural) por ser justamente estes povos os que mais ofereciam resistência `a evangelização. Eles procuravam mais do que todos preservar suas tradições religiosas, e o cristianismo apresentava-se como uma ameaça `as tradições de seus antepassados. Se Constantino estivesse favorecendo o dia pagão, essa gente seria as principais a se beneficiarem deste feriado, mas não foi isto que aconteceu, simplesmente porque ele se reportava ao dia cristão, mesmo usando ainda nome pagão para designa-lo. Podemos acrescentar ainda as benfeitorias sociais promovidas por Constantino, principalmente em relação aos escravos melhorando sua condição de vida, e uma delas era o descanso. Os escravos eram considerados pelos gregos como algo desprezível, mesmo para Aristóteles, os escravos são excluídos da definição de homem, já os romanos o consideravam como apenas “instrumentum vocalis”, ou seja, “coisa falante”. Desta maneira os escravos (que eram muitíssimos em Roma) ganharam direito ao descanso. E bom rememorar também que uma enorme parcela desta classe eram de cristãos, daí mais um motivo para o feriado.
A EXPRESSÃO “DIA DO SENHOR”
Esta expressão e cognominativa e por si denota a reverencia dos primeiros cristãos para com o primeiro dia da semana. Conquanto seja este fato irrefutável os adventistas como de praxe tendem a distorcer as escrituras dizendo ser isto uma referencia ao sábado judaico.
O teólogo adventista Alberto R. Timm em seu livro “O Sábado nas Escrituras”, declara: “Parece mais provável que João tenha escolhido a expressão Kyriake hemera para designar o sábado...” (pág.76). Cita como base textos como o de Isaias 58:13; Êxodo 16:23 e Mateus 12:8. Diz ainda: “Alem disso, se João realmente tencionasse designar o domingo como sendo o “dia do Senhor” com certeza ele também teria feito em seu evangelho, que foi escrito aproximadamente na mesma época do apocalipse (na década de 90 AD). Mas em todas as oito alusões ao domingo no Novo Testamento, ele e simplesmente chamado de “primeiro dia da semana”...sem qualquer distinção especial.” (pág.74).
Estes argumentos a priori são atípicos considerando o contexto histórico dos primeiros séculos do desenvolvimento da Igreja.
O Dr. Aníbal P. Reis explica que A locução grega no caso dativo “Kyriake Hemera” e traduzida literalmente em nosso vernáculo por Senhorial Dia ou Dia do Senhor. Diz ele: “O nosso vocábulo DOMINGO procede do latim DOMINICUS (=Senhorial), (como Dominga vem de Dominica), que por sua vez e a tradução latina do grego KYRIAKE.” (A Guarda do Sábado, pág. 154). Gleason Archer e concorde em afirma que: “Ate hoje essa e a expressão regular para “domingo” no grego moderno”(Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, pág. 127).
O termo “Kyriake”, e uma palavra neotestamentaria que só aparece novamente em I Co. 11:20 em seu caso genitivo “Kyriakon” para designar a “Ceia do Senhor”.
Certa fonte teológica comentando sobre esta palavra diz: “Embora alguns tenham alegado que se refere ao ultimo dia, ou ate mesmo a páscoa, parece certo que a expressão e o nome que veio a ser dado ao primeiro dia da semana. Desde Inácio (Mag. 9:1) este e o seu significado nos escritos patristicos.” (Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, pág. 2164). Outra elucida ao acrescentar que o Dia do Senhor, “era uma frase que se usava já no segundo século referindo-se ao domingo” (O Novo Comentário da Bíblia, pág. 1452)
A pergunta que forçosamente surge agora e: por que formar uma palavra nova para expressar coisas de uma instituição sagrada antiga? Urgi rememorar que o evangelho era uma instituição nova, por isso necessitou do uso de termos novos. Assim nós temos “cristãos” Atos 11:26, como um nome novo para o povo de Deus; “apóstolos”, “evangelistas”, e “diáconos” como os lideres da Igreja; batismo como o rito iniciatório na Igreja, a ceia do Senhor, I Cor 11:20, e o Dia do Senhor, como instituições daquela Igreja. As novas normas originadas pelo evangelho não puderam ser expressadas pela terminologia da velha lei; conseqüentemente palavras novas tiveram de ser cunhadas.
No Novo Testamento nós temos: o sangue do Senhor, o cálice do Senhor, os discípulos do Senhor, a mesa do Senhor, a morte do Senhor, o corpo do Senhor, a ceia do Senhor, e também o Dia do Senhor. Todas estas expressões recorrem a algo que pertence exclusivamente a Cristo debaixo do evangelho.
" Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor” (Apocalipse 1:10). Este é o primeiro lugar na Bíblia que nós temos a expressão o “Dia do Senhor”. João escreveu neste idioma sessenta seis anos depois que o Sábado judeu fora abolido; conseqüentemente ele deve ter recorrido a algum dia comemorativo peculiar para a nova dispensação. Não existe um único exemplo na Bíblia ou na história onde o termo “o Dia do Senhor” é aplicado ao Sábado sagrado judeu. Os adventistas nunca chamam o sétimo dia de o “Dia do Senhor” exceto quando eles tentam explicar o Dia do Senhor em Apocalipse 1:10 como se fosse o sábado; mas em todos seus ensinos, escritos, e conversações, eles se referem a este dia simplesmente como sábado. O termo “sabbath” não é usado em Apocalipse e nenhum léxico abalizado traduz esta expressão como se referisse ao sábado. O sábado sagrado judeu foi abolido na cruz (Col. 2:14 16; Gal. 4:10; Rom. 14:5) mais de sessenta anos antes de João escrever; então, ele não poderia ter recorrido àquele dia. Outro fato merecedor de nota é que depois de João, todos os demais escritores pos-apostolicos sempre usaram este termo para designar o domingo e nunca o sábado. Reforçando ainda mais, juntamos a isso o contexto do livro do Apocalipse que de forma precisa nos informar que a mensagem do livro era destinada as sete Igrejas da Ásia (v. 11). E junto a este conjunto das cartas as Igrejas e que esta a expressão “o Dia do Senhor”. Ora, o titulo “Senhor” e um titulo dado a Jesus especialmente depois da sua ressurreição que aconteceu no primeiro dia da semana. No Apocalipse ele e o Senhor Todo Poderoso do verso 8, e Senhor dos senhores 17:14. Portanto, este dia forçosamente tem de ser o dia no qual Jesus foi feito Senhor dos vivos e dos mortos, ou seja, o primeiro da semana. Este foi o dia que fez o senhor, Salmo 118:24. Mas o que dizer então dos versículos citados onde o sábado aparece como “meu santo dia” Isaias 58:13, “o santo sábado do senhor” Êxodo 16:23, “pois o Filho do homem e senhor do sábado” Mateus 12:8 ? Não e isto prova de que o dia do Senhor seja realmente o sábado? Não, pois estes três textos foram ditos ou escritos antes da cruz sob a lei, mas Apocalipse 1:10 depois da cruz e sob o evangelho, por conseguinte num novo contexto de uma nova aliança. Demais disso, se fosse este o caso certamente o apostolo teria repetido a designação usual (sábado) como aparece nos versículos acima referidos.
Mas é contestado pelos sabatistas que João e todos os outros evangelistas nos evangelhos chamam o domingo simplesmente, “o primeiro dia da semana”, em vez de “o Dia do Senhor”. Conseqüentemente se João, em Apocalipse 1:10, tivesse se referindo ao domingo ele teria dito “o primeiro dia da semana” como ele fez no evangelho.
A resposta não é tão embaraçosa quanto parece. Jesus predisse que ele seria morto e ressuscitaria no terceiro dia. Cada evangelista teve cuidado em demonstrar que a predição fora fielmente cumprida. Conseqüentemente eles foram coerentes em dar os nomes desses três dias como eram conhecidos pelos judeus; qual seja, dia da “preparação”, (sexta-feira) dia de “Sábado” e “primeiro dia da semana”. Temos que levar em conta também que o estilo gramatical tal como foi escrito o livro do apocalipse difere grandemente do de seu Evangelho e epistola. O estilo literário de Apocalipse e um tanto deficiente em relação ao do seu evangelho. Outra questão em especial a considerar e quanto à autoria do livro. Em seu evangelho João não menciona seu nome mas tão somente diz “Este e o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu” João 21:24, já nas epistolas ele se identifica não mais como “o discípulo” mas anonimamente como “o presbítero”. No apocalipse pelo menos três vezes ele se identifica como “João”. Foi por detalhes como este que Dionísio colocou em duvida a autoria do Apocalipse (Cf. Historia Eclesiástica livro 7, cap. XXV). Apesar destas supostas diferenças nos sabemos que o verdadeiro autor do Apocalipse foi o apostolo amado João. Alem disso, o modo como João usou a expressão “o Dia do Senhor” para designar o primeiro dia da semana (ao contrario de como fez em seu evangelho) quiçá pode muito bem se encaixar nestas diferenças literárias do livro (assim como aconteceu com seu nome). Desta maneira sepulta-se de uma vez o aparato do argumento adventista.
Isto posto, declaramos que o domingo longe de ser um dia pagão dedicado a Mitra, como afirmam os sabatistas, e indiscutivelmente o dia do Senhor. Um dia de adoração, comemoração e regozijo para o povo de Deus.
A Bíblia Vida Nova, em sua nota de rodapé ao comentar Dt 5.12-15 diz: "A palavra sábado tem raiz no termo hebraico SHABHAT, que quer dizer 'cessar', 'desistir'. Esta palavra está associada ao sétimo dia antes mesmo da legislação no Sinai (Ex 16.26). A referência específica ao sétimo dia não aparece no próprio mandamento sobre o sábado (Dt 5.12). Não há razão lingüística pela qual a palavra 'sábado' não pudesse ser também um dia de descanso no princípio da semana. A mudança do descanso sabático do sétimo dia é o cumprimento do princípio moral do sábado. O sábado do sétimo dia comemorava a obra da criação divina (Ex 20.11) e a redenção (Dt 5.15). O sábado do primeiro dia pode ser reputado como comemoração da nova obra de criação divina (II Co 5.17; Ef 2.10) e a redenção espiritual (Tt 2.14). A ressurreição de Jesus assinalou o clímax de sua obra redentora (Rm 4.25; I Pe 1.3) e parece certos que os cristãos primitivos começaram reunindo-se no primeiro dia da semana em comemoração a esse grande acontecimento. Cristo a si mesmo chamou-se Senhor do Sábado (Mc 2.28) e o primeiro dia da semana posteriormente se tornou conhecido como dia do Senhor (Ap 1.10). Desde então o sábado do primeiro dia tem sido aceito pela vasta maioria dos cristãos".
fonte: Cacp
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