Ele se inclinou para mim
“Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Salmo 40.1).
Inclinar-se é uma postura que revela respeito ou misericórdia. Olhando do ponto de vista do servo para com o seu senhor; o inclinar-se revela respeito, porém olhando do ponto de vista do senhor para com o seu servo; revela misericórdia. É exatamente isso o que o salmista está afirmando.
O que temos aqui é um miserável moribundo, atolado no charco da sua própria miséria, abandonado, largado às favas, sem amigos, sem a mínima condição de mudar o seu estado deplorável de sofrimento. O que temos aqui é um homem prestes a perecer, chafurdado num poço de lama até o pescoço. O salmista revela aqui o seu estado de total impotência, onde a única possibilidade de reversão da sua situação era a intervenção de um ser maior; do próprio Deus.
A parábola do Bom Samaritano relata uma história semelhante. Ela conta que um homem caiu nas mãos de salteadores e depois de ter sido roubado, foi espancado, ficando semimorto. Passaram por ali duas pessoas; um sacerdote e um levita, porém os dois passaram de largo e não fizeram caso da situação daquele homem.
Também passava por aquele caminho um samaritano, aproximou-se, se inclinou para ele, curou as feridas daquele homem e o colocou sobre o seu próprio animal, depois o conduziu até uma hospedaria. O samaritano demonstrou muito amor para com aquele homem desconhecido e moribundo.
Penso que o verdadeiro Bom Samaritano é Jesus Cristo, pois ele também se inclinou para nós. Jesus se encarnou, tornou-se como um de nós, assumiu as nossas dores, levou sobre si as nossas enfermidades. Ele veio para nos tirar do nosso estado de perdição e de miséria em que nos encontrávamos.
Deus sempre se mostrou disposto a se inclinar para nós. Toda a iniciativa no sentido de mudar a história do ser humano sempre foi de Deus. A Bíblia é bem clara ao afirmar que o homem no estado em que estava jamais poderia por si mesmo buscar a Deus.
Paulo escreveu: “como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Romanos 3.10-12). Já que nós não podíamos buscá-lo, foi ele quem tomou a iniciativa e veio até nós.
Paulo afirmou ainda: “pois, ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornado-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2.6-8).
Esse foi o preço que Jesus pagou para resgatar o ser humano do seu estado de miséria em que vivia. O preço do seu amor foi incondicional, foi totalmente sacrificial. Tirar-nos do nosso posso de perdição, do nosso tremedal de lama não foi uma coisa fácil para Jesus, ele teve que dar a sua própria vida para que isso pudesse acontecer.
O apóstolo Pedro afirmou: “sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”. Que prova maravilhosa de amor é esta. Um Deus que se inclinou para resgatar os pecadores, que veio para dar-lhes vida eterna e abundante. Que essas verdades sejam avivadas em nossa mente ao iniciarmos um novo ano.
Rev. Carlos Henrique
Capelão Universitário
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