Palha ou Arvore?




Salmo 1.1-6


Exórdio

Você já parou para pensar ao lado de quem você está sentado? Você sabe por que preferiu ficar ao lado dessas pessoas? Olhe para elas. Você é capaz de reconhecer algumas qualidades? Que tipo de caráter seus amigos e amigas têm? Há um velho ditado que diz: “Dize-me com quem andas e te direi quem és”. É apenas um velho ditado! Mas creio que boa parte de vocês já o ouviu muitas vezes. E sabem por quê? Pois, somos conhecidos pelas coisas que praticamos, pelos lugares que freqüentamos e pelas pessoas com as quais convivemos. Este é um dos motivos pelos quais os pais sempre se preocupam com seus filhos. Eles querem o melhor para eles, por isso os observam e os aconselham. Da mesma forma, temos um Deus que se preocupa conosco e, por isso nos orienta.


Explicação

Razão pela qual, este Salmo sapiencial aponta para dois caminhos ou comportamentos que representam dois modos de vida com resultados diferentes. Ao mesmo tempo contrasta os dois únicos tipos de pessoas do ponto de vista de Deus, tendo cada tipo um conjunto distintivo de princípios de vida.

O salmista inicia declarando que Bem-aventurado é o homem que, primeiro, não anda no caminho dos ímpios, ou seja, não participa das idéias dos ímpios, suas ações não são inspiradas em princípios mundanos, maldosos e astutos; segundo, que não se detém no caminho dos pecadores, ou seja não participa dos seus projetos, não adota a linha de comportamento deles; terceiro nem se assenta na roda dos escarnecedores, ou seja, não participa do seu modo de agir, zombando de Deus e de coisas eternas. Porém, antes, tem a lei do Senhor por conselheira, tema de reflexão habitual, guia e norma de conduta. Ela é acolhida com prazer e não com pesar, é uma adesão alegre movida pela obediência e motivada pelo amor. Assim, bem-aventurado é aquele que é fiel a Deus naquilo que evita e naquilo que faz. Bem-aventurado significa que o justo desfrutará do favor e das graças especiais de Deus. Bem-aventurado não somente é a palavra pela qual este salmo se inicia, mas é também, a essência do que é prometido aos que meditam na Palavra de Deus, noite e dia. Meditar não é apenas ler como se fosse um dever, mas é procurar entender espiritualmente a lei do Senhor e, em seguida, aplicá-la à sua própria vida.

No versículo dois, a palavra em hebraico torah, traduzida por lei, pode ser interpretada como instrução e como a Palavra viva de Deus, que sai ao encontro das pessoas para manifestar-lhes a sua vontade e, assim, conduzi-las pelo caminho da vida e do bem.

A partir dos versos três, o autor faz uso de comparações campesinas para caracterizar o justo e o ímpio. O justo é visto como uma árvore bem irrigada, frondosa, bem enraizada e carregada de frutos maduros, diante da inconsistência da falta de raiz e instabilidade da palha que o vento leva.


Proposição

Diante dessas comparações podemos aprender que há dois caminhos que se contrastam e são metáforas da conduta humana. Transição: Um deles é o caminho que leva à...

I – morte, caracterizada aqui pelo ímpio que...

1. não ama a lei do Senhor, antes a odeia e dela escarnece;

2. não é como a árvore saudável, plantada ao lado de águas abundantes, porém é como a palha. O que é a palha e por que a palha? Por que será que este é comparado à palha? O que se sabe é que a palha era lançada ao vento pelo processo de joeiramento, ou seja, após a colheita, os lavradores lançavam os grãos debulhados para cima, para que o vento levasse a palha mais leve à medida que os grãos caíssem ao chão. Com essa comparação, o salmista quis mostrar que, assim como a palha é pequena, sem valor, inútil, morta, sem raiz, nem estabilidade, inconstante e facilmente levada pelo vento, semelhantemente é o perverso que não ama a Deus e a sua Palavra. As Escrituras o descrevem como aquele que prefere fazer seu próprio caminho, está sempre envolvido até o pescoço na prática do mal e aprecia arrastar outras pessoas para a sua vereda tortuosa. Desta forma, a palha ilustra de modo claro a vida do homem e da mulher sem Deus;

3. não tem fruto como o justo, antes o seu caminho é tenebroso, repleto das obras da carne: guerra, ódio, injustiça, maldade;

4. o seu fim está determinado. O seu fracasso é certo e será total e em todos os campos:

  • forense, porque comparecerá perante o Tribunal de Cristo e não resistirá ao juízo de Deus;

  • religioso, porque não participará da congregação do justo. O ímpio, por sua própria escolha, rejeita a comunidade dos santos e a comunhão com o povo de Deus;

  • vital e prática , pois o seu caminho perecerá, no juízo será separado do justo, como o joio do trigo, como a palha do grão e, então, lançado na fornalha de fogo, para o tormento eterno, onde haverá pranto e ranger de dentes (segundo a Palavra de Deus). Deste modo terminam muito mal, tanto física quanto espiritualmente.


O outro caminho é o que conduz à...

II – vida, caracterizada aqui pelo justo que...

1. ama a lei de Deus, anda em retidão, em amor e obediência à sua Palavra, não se envolve com os maus, antes, bebe dos princípios sábios de Deus;

2. é feliz e cresce, como árvore viçosa, sempre florescendo, porque próximo há água e água em abundância. Sua raiz profunda absorve todo nutriente necessário para a vida, sua folhagem não murcha e dá muitos frutos. Por que será que este é comparado à árvore? Porque a árvore é permanentemente bela e frutífera, seus galhos oferecem sombra para descansar-se nela; cresce com o sol e a chuva, esperando assim em Deus e colocando a sua vida nas mãos dele. Semelhantemente é o justo, porque o Senhor é para ele um manancial de águas vivas. Podemos dizer que as bênçãos divinas são descritas aqui em termos de água abundante, água que transmite vida e fertilidade. A expressão “plantada junto a correntes de águas” ilustra de modo belo a vida do homem cheio do Espírito;

3. no devido tempo dá o seu fruto. O fruto é algo a ser esperado e produzido no tempo devido, por haver permanentemente provisão de água. Assim, o justo descrito pelo salmista produz os frutos mencionados na carta aos Gálatas. São estes: frutos de amor, alegria, paciência, bondade, retidão, fidelidade, mansidão, domínio próprio e paz*. Hoje, não se fala em outra coisa a não ser em paz. Há até *o dia Internacional de Oração pela Paz, mas onde está a paz? Nunca houve tanta guerra, tanta morte, tanta violência. O mundo anseia e clama por paz, não obstante precisa aprender que só o Senhor pode nos dar a paz. Esta é fruto de amor e obediência à Palavra de Deus, é fruto daquele que anda no caminho do justo. Contudo, o justo sempre terá um testemunho novo e vigoroso, mesmo em meio à tribulação e à adversidade, porque as raízes de sua personalidade se molham perpetuamente nas Águas Vivas, extraindo toda força necessária para viver, de modo que sua folhagem não murcha e não cai.

4. será bem sucedido. Embora o salmista não diga explicitamente, o caminho do justo leva a bom termo, ao êxito e a plenitude em todos os campos:

  • forense, porque terá sua vida aprovada, visto que o Senhor conhece os seus caminhos. O Senhor aceita o caminho dos justos porque é o seu caminho. E os protege porque confiam nele e recebem a Cristo pela fé;

  • religioso, porque farão parte da assembléia dos justos já em vida e depois na eternidade;

  • vital e prático, porque desfrutarão da vida eterna, ouvindo o Senhor dizer, como está escrito no evangelho de Mt 25.34: “Vinde benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Lá, “os justos resplandecerão como o sol”. Mt 13.43


Concluindo...

O salmista nos ensina que ao andarmos no caminho reto e justo do Senhor, primeiro, cuidaremos de nossa imagem, não andando, não se detendo e nem se assentando com aqueles que trilham caminhos opostos, segundo cuidaremos de nossa performance alimentando-nos com alegria na Palavra do Senhor dia e noite, de tal maneira que daremos e colheremos muitos frutos, frutos que promoverão a vida, o amor, à paz, o shalom de Deus, que tanto o mundo precisa. E, como recompensa herdaremos a vida eterna.

Por fim, este Salmo termina mostrando o caminho da vida e o da morte. A forma campesina usada para contrastá-los, lembra-nos que os ciclos da natureza são comparados com o próprio ciclo da vida e com o caráter humano. Por isso, a primavera nos recorda a vida nova que surge do seio da terra e da alma de quem se deixa encantar pelas coisas simples e belas, que a vida oferece a cada dia. Quer ocasião melhor para pensar num projeto de vida como o da primavera, que renasce, alimenta, embeleza e alegra a vida?

É momento de pensarmos que o justo floresce, sua vida se renova, assim como a natureza na primavera, enquanto o ímpio é a palha que o vento leva.

É momento de lembrarmos que o Senhor nos chama para trilhar o seu caminho, para sermos instrumentos de vida, paz e amor.

É momento de pensarmos afinal, que caminho queremos seguir? É certo que nossa vida dependerá dessa escolha. Então, que tipo de pessoa nós queremos ser? Palhas ou árvores?

Palhas, não! Árvores junto a correntes de águas, sim, devem ser todos os que amam a Deus.

Assim Deus nos ajude, nos abençoe e nos dê a paz!
 
fonte:metodista.br

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