A
NATUREZA DA FÉ SALVADORA
Semana passada dissertamos sobre
alguns aspectos relacionados à natureza da fé salvadora, aquela que nos une a
Jesus Cristo de um modo radical, comprometido, comprometedor, produzindo, numa
dimensão implicativa maior, plena convicção de vida eterna. Pela extrema
relevância espiritual do assunto, julgamos de todo oportuno voltarmos a ele,
buscando enfocá-lo, uma vez mais, à luz das Escrituras Sagradas. E julgamos tal
matéria teológica de fundamental importância, porque é desse modo que a
Escritura Sagrada o apresenta. E, de igual modo, porque é perfeitamente
possível que uma pessoa passe uma significativa parte da sua vida no âmbito de
uma igreja evangélica; familiarize-se com todas as realidades nela existentes;
sinta-se bem com todas as práticas cúlticas por ela protagonizadas; e, ainda
assim, não tenha experimentado em seu coração uma genuína e salvadora fé.
Antes de pontuarmos alguns
elementos ligados à manifestação de uma fé verdadeiramente salvadora,
reflitamos sobre aquilo que ela efetivamente não é. A fé salvadora não é uma emoção
intensa, mas fugidia, que assoma aos nossos corações, em determinados momentos,
quando somos confrontados com a Palavra de Deus. A fé salvadora também não é
sinônimo da confiança que podemos vir a ter de que Deus é suficientemente
poderoso para intervir em nossas vidas e conferir a ela solução para
determinados problemas de natureza temporal. A fé salvadora também não é uma
espécie de obra meritória que brota em nossos corações e torna-nos, como
presumem muitos, dignos de receber do Senhor determinadas bênçãos.
A fé salvadora, como no-lo
ensina fartamente a Palavra de Deus, é um dom do próprio Deus; uma dádiva
estendida ao pecador graciosamente por meio da ação sobrenatural do Espírito
Santo. Nesse particular, a sentença do apóstolo, inteiramente inspirada por
Deus, é contundente e irrefutável: “Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
não de obras, para que ninguém se glorie”. (Efésios 2.8,9). A fé salvadora,
dom gracioso de Deus e produzido pelo soberano agir do Espírito Santo em um
coração morto em delitos e pecados, é resultante da exposição fiel da Palavra
de Deus, dado que, como bem preceituam as Escrituras Sagradas, “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela
palavra de Cristo”. (Romanos 10.17).
Vê-se aqui, claramente, que a fé
salvadora não é expressão de uma crença meramente subjetivista e desprovida de
uma âncora de objetividade mais profunda; antes, ao contrário, está
umbilicalmente ligada à proclamação do evangelho. Por esse viés, a fé salvadora
não é um salto no escuro; um mergulho no irracionalismo; nem muito menos uma
modalidade de apagamento das nossas faculdades racionais. Ao sermos expostos à
pregação fiel da Palavra de Deus, o Espírito Santo ilumina a nossa mente, a fim
de que possamos compreender o que nos está sendo apresentado e, ato contínuo,
possamos abraçar, com irreservada confiança, tal mensagem.
Conforme dito, na manifestação
da autêntica fé salvadora, compreensão intelectiva e confiança do coração andam
de mãos dadas, jamais se divorciam, dado que são face e contraface de uma
realidade espiritual única, inseparável, indivisível. No exercício da fé
salvadora, toda a nossa confiança é depositada na pessoa de Jesus Cristo e na
poderosa e eterna obra redentiva que ele realizou na cruz do calvário em favor
dos seus eleitos.
Confiar somente em Jesus Cristo
para a salvação das nossas almas significa tirar os nossos olhos das muletas
inúteis das nossas imprestáveis obras; da nossa vã religiosidade; dos supostos
merecimentos que todos julgamos possuir, em maior ou em menor grau. Ao
compreendermos a obra de Jesus Cristo e confiarmos integralmente nela, nós
passamos a depender, unicamente, dos suficientes e gloriosos méritos do Filho
de Deus, em cujo poder descansamos as nossas cansadas e sobrecarregadas almas,
dele recebendo segura direção e suave e definitivo alívio.
Implicações práticas dessas
verdades: você já creu salvadoramente em Jesus Cristo? Já foi confrontado com o
único e verdadeiro evangelho da graça? Já o compreendeu nos seus próprios
termos? Já confiou nele plenamente para a sua salvação? Sim? Não? Pense nisso.
Essa é uma questão que tem implicações para a eternidade.
JOSÉ
MÁRIO DA SILVA
PRESBÍTERO
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