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Metodo de Evangelizacao Puritana, Biblico e Reformado



Pregação Biblica
Por Dr. Joel Beeke

Raízes da evangelização moderna
A fim de compreendermos estes dois pensamentos (o método da evangelização Puritana e a disposição interna do coração) precisamos contrastá-los com a evangelização moderna. Só assim poderemos apreciar o aspecto característico da evangelização puritana. Para isso vamos voltar um pouco ao século XIX para considerarmos as raízes da evangelização moderna.

A evangelização moderna tem as suas raízes nos anos 1820 sob a liderança de Charles Finney, que frequentemente é chamado de "o pai" da evangelização moderna. Finney foi criado em Nova Iorque e tinha o grau de advogado. Começou sua prática como advogado nos anos de 1820 em Nova Iorque. No ano seguinte teve uma experiência religiosa muito profunda e isso o influenciou para que deixasse seu escritório de advocacia e se dedicasse inteiramente ao ministério. Foi ordenado pastor presbiteriano em 1824 e por 8 anos liderou eventos e reuniões de avivamento no leste dos E.U.A. Por quatro anos trabalhou como pastor em Nova Iorque e nos últimos quarenta anos de sua vida foi professor na Universidade de Oberlin no estado de Ohio. Através dessas décadas ele continuou fazendo reuniões de avivamento. Ele inventou aquilo que se chama de "novas medidas" para avivamento que incluem: (a) reuniões com muita emoção e (b) o banco dos "ansiosos". Eram reuniões evangelísticas caracterizadas por uma atividade intensa, que duravam dois ou três dias e nos quais Finney pregava duas vezes ao dia. O banco dos "ansiosos" era o primeiro banco da igreja que era deixado vazio para que as pessoas ansiosas pudessem vir e se assentar ali, recebendo uma ministração individual. No final dos seus sermões Finney diria: "Aqui está o banco dos "ansiosos", se vocês estiverem do lado do Senhor, venham à frente." Hoje a evangelização de massa, é um desenvolvimento das chamadas "novas medidas" dos avivamentos de Finney.

Em suas campanhas evangelísticas, Billy Graham apresenta um estilo polido destas cruzadas feitas por Finney. Essas chamadas ao altar para que as pessoas venham à frente e confessem Jesus Cristo, é uma versão moderna do banco dos "ansiosos". Hoje nós estamos tão acostumados com este estilo de evangelização moderna, que dificilmente percebemos que é uma inovação na história da Igreja. Com frequência nos esquecemos de quão distante está da evangelização bíblica. Tanto Finney, quanto a evangelização moderna, cometeram alguns erros básicos em diferentes aspectos das Escrituras. Vamos mencionar quatro áreas em que se afastaram dos princípios bíblicos.
Deficiências da evangelização moderna
1. Aceitação do pelagianismo. Embora certos elementos calvinistas estejam presentes, a evangelização moderna, seguindo a teologia de Finney, é essencialmente arminiana na sua apresentação do evangelho. Finney era confessadamente um pelagiano (Pelágio foi um herege do século IV que sofreu dura oposição de Agostinho). Ele negava que o homem caído fosse incapaz de se arrepender. Dizia que cada pessoa tem a liberdade e a vontade livre de arrepender-se e voltar-se para Deus; que cada pecador pode resistir ao chamado do Espírito Santo, e que este Espírito apenas apresenta-lhe razões pelas quais ele deve ir a Deus. O pecador, entretanto, é livre para aceitar ou rejeitar as razões apresentadas. Dessa forma, em última análise, a salvação não é uma obra de Deus, é realmente um trabalho do próprio homem. Finney escreveu o seguinte: "Pecadores vão para o inferno apesar de Deus”. Finney negou os cinco pontos do calvinismo, e não subscreveu os ensinamentos de Jesus de que o homem precisa nascer de novo, nascer do alto, doutra forma ele não pode entrar no reino de Deus.
2. Finney e a evangelização moderna colocam uma pressão indevida sobre a vontade humana. Se a vontade humana, pecadora, ué livre, segundo os evangelistas semipelagianos afirmam, a pregação ué reduzida simplesmente a uma batalha entre a vontade dos ouvintes e a vontade do pregador. O resultado disso é que todos os meios que o pregador puder usar para persuadir os seus ouvintes a aceitar a Cristo, acabam se tomando lícitos, mesmo que sejam baseados num excesso de emocionalismo do auditório. O alvo principal nestes casos é mover a vontade do homem, e levá-lo a fazer uma decisão imediata. O contrário disso, vemos no ensino de João 1: 13: “... os quais não nasceram do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
3. Finney e a evangelização moderna reduzem o processo de conversão a um espaço curto de tempo. Isso não é bíblico! A Bíblia apresenta a conversão como sendo um processo por vezes demorado. Entretanto, para a evangelização moderna, a conversão é um processo de mais ou menos dez minutos. Recentemente foi escrito um livro sobre evangelização que faz com que o evangelista caia em profundo sentimento de culpa, se demorar mais de dez minutos para converter alguém. Chegamos a conclusão que, para muitos evangelistas modernos, a salvação não é mais aquele trabalho miraculoso, soberano e misterioso do Espírito Santo de Deus, e sim, o trabalho calculável da ação do homem. Isso é contrário ao que lemos em João 3:8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito". O que realmente tem acontecido nos últimos 175 anos, é o seguinte: Finney e a evangelização moderna perderam o sentido de conversão bíblica; perderam o conceito de conversão como uma obra miraculosa; perderam o sentimento daquela dependência total do homem em Deus, na sua conversão.
4. Grande parte dos resultados da evangelização moderna é questionável. Diversos estudos têm provado que a evangelização de massa, utilizado em grande parte nas cruzadas, em que o próprio homem decide a sua salvação, leva, finalmente, a um cristianismo muito superficial, que quase não dá fruto. Isso não quer dizer que não existam certos indivíduos a quem Deus realmente converteu em utais tipos de reuniões. A Bíblia diz que Deus pode fazer com que uma vara torta se tome reta. Entretanto, esse fato não nos isenta da responsabilidade em apresentar aos nossos ouvintes uma evangelização bíblico e saudável, uma evangelização que tenha uma profundidade maior, uma evangelização que começa, centraliza-se e termina em Deus. É isso que descobrimos quando nos voltamos upara o método dos puritanos.
Estilo direto de pregar
Quando nos referimos aos métodos da evangelização puritana, não estamos dizendo que devemos copiar cada detalhe dos puritanos. Muito da linguagem dos puritanos, por exemplo, está fora de época. Ainda assim os seus métodos têm muito para nos ensinar. O método puritano foi chamado pelos próprios puritanos, e por estudiosos hoje, de o "estilo direto de pregação". Um dos pais do puritanismo, William Perkins, escreveu o seguinte: "A nossa pregação precisa ser direta e evidente. É um dito comum entre nós: "este foi um sermão direto. "Eu digo que quanto mais incisivo e simples for o sermão, melhor". Um dos grande pregadores puritanos chamado Henry Smith disse o seguinte: "Pregar de uma maneira direta, não ué pregar de uma maneira dura e cruel". Também não significa pregar de qualquer forma, sem estudo. Significa pregar o sentido pleno das Escrituras de uma maneira tão clara que o homem mais simples possa entender o que esteja sendo ensinado, como se ele estivesse ouvindo seu próprio nome ser chamado.
Implementando este estilo simples e incisivo de pregação, os puritanos seguem um processo de três passos:

(1) Escolhem e estudam seu texto. (2) Fazem uma exegese desse texto, dando o seu sentido básico, e em seguida coletam do texto duas ou três doutrinas, que fluem dele. (3) Em seguida, aplicam estas doutrinas de uma forma prática ao coração dos seus ouvintes. Dessa forma, a primeira parte do sermão é exegética, a segunda parte é doutrinária e a terceira é aplicativa. À quarta parte eles chamavam de "como usar", que é a parte prática do sermão, como usar os ensinos na vida diária. Eles dividem a aplicação em duas partes, uma para os ouvintes que são salvos, e a outra para os não salvos. Aplicam a cada indivíduo o que o texto pregado tem a dizer para ele. Dessa forma, o ouvinte, ao sair da igreja, sabia com toda clareza o que aquele texto do sermão tinha a dizer a si em particular.

Vamos focalizar quatro qualidades deste estilo direto de pregar.
1. Usavam um método racional de pregar. Eles pregavam a criaturas racionais. Trabalhavam arduamente para mostrar aos pecadores a loucura de não buscar o Senhor. Eles procuravam mostrar às suas congregações o aspecto racional de todas as doutrinas da graça. John Owen, por exemplo, expunha à sua congregação como a doutrina da eleição era racional e lógica. Eleição é a primeira coisa do lado de Deus, mas é a última coisa que ué conhecida do lado daquele que crê. Eles usavam este tipo de ensino upara alcançar a mente e também a consciência. Labutavam para conduzir cada ouvinte a esta conclusão. Seria totalmente ridículo não buscar o Senhor. Ridículo em função do julgamento que há de vir, mas também em termos da maneira como vivemos nesta vida presente.
2. Tinham uma pregação afetuosa, apaixonada. É uma coisa rara nos nossos dias encontrar um pregador que tanto alimenta a mente dos ouvintes com substância bíblica sólida, quanto também mova os seus corações, com um calor afetivo. Mas, esta combinação era coisa comum aos pregadores puritanos. Falavam com amor e com convicção. Pregavam com uma chamada clara à fé e ao arrependimento. Pregavam com paixão o terror do pecado. Pregavam com calor a respeito de Jesus Cristo. Derramavam do púlpito suas próprias almas em seus sermões. Eles praticamente davam suas vidas pelo seu povo. Suplicavam aos seus ouvintes que se reconciliassem com Deus, não porque pensassem que eles podiam use reconciliar com um Deus santo, mas porque eles sabiam que o Deus todo-poderoso usa a loucura da pregação para salvar aqueles que realmente vão crer. Sabiam, pelas Escrituras, que somente o Cristo onipotente podia vivificar um pecador espiritualmente morto e mortificar a sua pecaminosidade, separá-lo dele mesmo, fazendo-o desejoso de abandonar o seu pecado e voltar-se para Deus e para a salvação completa por Ele oferecida. A pregação puritana apresentava todas estas verdades com paixão.
3. A evangelização puritana era reverente e sóbria. Os puritanos geralmente não usavam humor nos seus sermões; não acreditavam em contar histórias engraçadas com a finalidade de levar pessoas a se interessarem por Cristo. O alvo deles era exatamente o oposto. Eles procuravam fazer as pessoas se tomarem mais sóbrias diante das grandes exigências do Criador e diante do grande juízo que está chegando. Diante da eternidade, Deus é digno de ser adorado; digno por causa dEle mesmo e por causa de Seu Filho.
4. A evangelização puritana se caracterizava por fazer uma análise específica de temas bíblicos. Se um puritano pregasse sobre o inferno, o sermão inteiro seria sobre o inferno. O mesmo aconteceria se pregasse sobre o céu, todo o sermão seria sobre o céu. Noutras palavras, eles pregavam o seu texto o tempo todo. Calculavam que assim, após certo período de tempo, teriam coberto cada assunto principal da Bíblia. Assim, procuravam edificar o seu povo em todo o conselho de Deus, demonstrando sua apreciação por todo o ensinamento das Escrituras. Quero dar alguns exemplos. Os títulos que vou dar agora são de um livro de um puritano: "Quantos Já Experimentaram Uma Vida Seriamente Identificada com Deus?"; "Qual o Melhor Preservativo Contra a Depressão Espiritual"; "Como Podemos Crescer no Conhecimento de Cristo?"; "O Que Precisamos Fazer Para Evitar o Orgulho Espiritual?"; "Como Devemos Lidar Com Doutrinas Que Não Podemos Compreender Completamente?"; "Como Podemos Conhecer de Uma Forma Melhor o Valor Real da Nossa Alma?". Espero que vocês estejam percebendo quão específicos eram os puritanos ao pregarem o seu texto bíblico, e como depois de certo período de tempo eles conseguiam falar a respeito de todo o conjunto de verdades espirituais.

Os puritanos reforçavam os seus sermões com uma evangelização catequética. O pastor puritano típico visitava o lar dos membros da sua igreja pelo menos uma ou duas vezes ao ano. Eles catequizavam cada criança em cada lar e estas crianças também vinham para a aula de catecismo na igreja. Eles treinavam os pais em cada família para que também fizessem o estudo do catecismo com suas crianças no culto doméstico. Normalmente levavam 30 a 40 minutos por dia para essa atividade. No domingo à noite davam treinamento aos pais para que pudessem analisar o sermão do dia com as crianças por duas razões: para levar o sermão ao nível de uma criança e também para levar o pai a lembrar o sermão. Os puritanos tinham como alvo evangelizar a família inteira. Eles não estavam buscando convertidos de "dez minutos" ou uma decisão momentânea do coração. Eles procuravam convertidos que permanecessem convertidos a vida inteira, cujas mentes e corações tivessem sido vencidos, tornando-se cativos pela Palavra de Deus.

OS SUTIS SUBSTITUTOS DA PREGAÇÃO


Começo a meditação bíblica deste domingo conferindo o devido crédito à sua matriz inspiradora: um alentado estudo bíblico ministrado pelo presbítero-teólogo Solano Portela, uma das referências da Igreja Presbiteriana do Brasil na área do ensino bíblico, notadamente o que se direciona para o fascinante território da Educação Cristã em suas múltiplas modalidades manifestativas. “Os sutis substitutos da pregação” foi o sugestivo título do estudo bíblico empreendido pelo aludido presbítero, tendo como suporte escriturístico o inspirado texto escrito pelo apóstolo Paulo e, ato contínuo, endereçado ao seu companheiro de caminhada cristã, o jovem pastor-evangelista Timóteo.
                Estamos no âmbito da segunda epístola encaminhada pelo bravo timoneiro do cristianismo ao jovem pastor Timóteo, mais precisamente no conteúdo presente no capítulo quatro da aludida carta. O contexto no qual Timóteo estava inserido, e no qual tinha sido vocacionado por Deus para o exercício do seu ministério evangelístico, não era dos melhores.
                Ao contrário, a conjuntura dominante era bem adversa. Internamente, isto é, na esfera da igreja, parecia pairar sobre Timóteo certa suspeição quanto às suas reais possibilidades de levar a bom termo as suas responsabilidades ministeriais. O ponto principal de tal desconfiança residia na juventude de Timóteo, na sua pouca experiência para o enfrentamento dos graves desafios que o aguardavam pela frente. A esse respeito, na primeira epístola que enviou ao jovem pastor, assim se pronunciou o apóstolo Paulo: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1 Timóteo 4.12).
                Externamente, a corrupção doutrinária já exibia a sua face perversa, por meio da instrumentalidade de falsos mestres que, despidos do mais leve vestígio de temor a Deus e apreço por sua Palavra, não hesitavam em fazer da disseminação do erro o seu paradigma comportamental predileto. Tais homens, no dizer apostólico, “são de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé” (2 Timóteo 3.8b). Numa quadra assim, hegemonizada pelo flagelo da mentira teológica e de toda espécie de adulteração da Revelação do Senhor, dois eram, dentre outros, os perigos que cercavam Timóteo. O primeiro seria, simplesmente, fugir do campo da batalha, desertar do imperioso e claro chamamento do Senhor para ser um proclamador incansável das transformadoras verdades do seu glorioso evangelho. Contra tal possibilidade, de modo firme sentencia Paulo: “Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Timóteo 1.6,7).
                O segundo perigo a rondar o ministério de Timóteo, tão ou mais nefasto ainda quanto o primeiro, era o que poderia ser traduzido pela tentação do jovem pastor em reagir à situação circundante utilizando-se daqueles expedientes a que Paulo, noutra porção escriturística, chamou de “armas carnais” (2 Coríntios 10.4a). No caso em foco, tais armas se corporificariam na adoção de um evangelho comprometido em sua inalterável essência, no núcleo duro do seu inamovível conteúdo bíblico-teológico. Um evangelho humanista, facilmente digerível por pecadores “mortos em seus delitos e pecados” (Efésios 2.1b). Um evangelho psicológico, terapêutico, massageador do ego e nada confrontador do pecado. Evangelho sem cruz, sem sangue, sem a glória de Deus, sem a majestade de Jesus Cristo, sem necessidade de arrependimento, sem novo nascimento, sem renovado compromisso com o crescimento em santidade. Enfim, um evangelho aprovado pelos homens e reprovado por Deus.
                Em nossos dias, não têm sido poucos os pastores que, enredados pela falácia de uma igreja mais relevante – como se a relevância da igreja não decorresse do simples fato de ela ser o corpo de Cristo, “coluna e baluarte da verdade” (2 Timóteo 3.16 b)- têm se afastado do padrão fixado pelas Escrituras Sagradas para o ser/fazer da igreja e, em direção diametralmente oposta, enveredado pela estranha senda da absorção de metodologias mercadológicas e empresariais, supondo ser a igreja uma mera organização humana, movida pelo braço e pela força dos homens. Por tal viés desviante, os resultados a serem obtidos pela igreja, em sua práxis evangelizadora cotidiana, são mais importantes do que a fidelidade à Palavra de Deus, numa demonstração evidente de capitulação ao império da filosofia pragmática, em cujo estuário o que vale não é o que é certo, porque Deus diz em sua Palavra que é certo, mas sim o que funciona e atrai, carnalmente, o maior número de pessoas.
                Timóteo corria, sim, o risco de adotar, em seu ministério, o que, com muita propriedade, Solano Portela classificou como “os sutis substitutos da pregação”, declinando do dever de “anunciar todo o conselho de Deus” (Atos 20.27b), preferindo, em seu lugar, a harmonia com a vontade pecaminosa dos que o ouviam. Contudo, a exortação apostólica para o caminho a ser seguido por Timóteo foi claríssima: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3.14,15). O ponto nodal, aqui exponenciado, é que, contra todos os modismos, invencionices e heresias, Timóteo deveria permanecer firme no sólido terreno das Escrituras Sagradas, nas quais ele encontrou a suficiente salvação somente propiciada pela pessoa e obra expiatória do Senhor Jesus Cristo.
                O apóstolo Paulo, em seguida, faz uma exortação solene a Timóteo, tomando como testemunhas Deus Pai e Deus Filho, tamanha era a seriedade de que se revestia o apelo direcionado a Timóteo: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Timóteo 4.1). A ênfase aqui não é que Timóteo deveria ser agressivo e desrespeitoso para com as pessoas a quem destinaria a sua pregação, nem muito menos inconveniente e insuportavelmente chato. Nada disso. O ponto é que, quer em circunstâncias favoráveis, quer em ocasiões adversas, a Palavra de Deus tem de ser anunciada em sua integralidade, de forma longânima e doutrinária. O argumento seguinte apresentado pelo apóstolo é espantoso: “Haverá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Timóteo 4.3,4). Tendo para com a Palavra de Deus uma atitude tão resistente e desprezível, tais ouvintes, na busca frenética pelos “sutis substitutos da pregação”, valorizarão pregações alicerçadas na leviandade e na superficialidade de enfoques suaves, tingidas de altas doses de subjetivismo existencialista, com um mínimo de exposição bíblica séria; e um quase nada de confrontação com o pecado, exigência de arrependimento e fé em Jesus Cristo. Valorizarão a cultura hedonista do entretenimento, ancorada em cultos antropocêntricos, feitos para a satisfação dos frequentadores de igreja, aqui concebidos não como adoradores penitentes e prostrados diante da majestade do Pai, pela mediação do Filho, no poder do Espírito Santo, mas sim como consumidores exigentes, pródigos em atravessar a calçada e procurar outros arraiais ditos evangélicos, ao menor indício de contrariedade das suas intocáveis vontades. Valorizarão o ativismo emocional, o correr de um lado para o outro, intenso e irrefletido, produzido para apaziguar a consciência e dar uma enganosa sensação de bem-estar. Valorizarão a opulência de estruturas organizacionais eclesiásticas alheias às prescrições bíblicas, mas aplaudidas pelos homens como indesmentíveis signos de êxito e da suposta bênção de Deus, esquecidos de que Deus vela pelo cumprimento da sua Palavra, conforme Ele bem o disse ao profeta Jeremias e não pela satisfação de nossas caprichosas e rebeldes vontades. Que Deus preserve o nosso coração e nos impeça de anelarmos, um segundo que seja, por qualquer coisa que, pecaminosamente, intente substituir, ainda que sutilmente, os inexauríveis tesouros da sua suficiente Palavra. SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER.
                                                                                                              JOSÉ MÁRIO DA SILVA

                                                                                                              PRESBÍTERO

Somos mais que vencedores! Vale a pena ouvir


Você é Crente e está abatido e deprimido? Então essa Pregação ministrada pelo Rev Leandro Lima é palavra de Deus para sua vida. Muito interessante e estimulante para os crentes que são sinceros, porém tristes e desanimados devido as circunstâncias adversas no mundo.Não devemos esquecer apesar dos pesares somos mais que vencedores!



Pregação nos dias atuais

A pregação atravessa tempos difíceis? Hoje está sendo travado um debate sobre o caráter e a centralidade da pregação na igreja. O que está em jogo é a integridade da adoração e da proclamação cristã.

Como isso chegou a acontecer? Levando em conta a centralidade da pregação na igreja do Novo Testamento, parece que a prioridade da pregação bíblica jamais deveria ser contestada. Afinal de contas, como observou John A. Broadus — um dos docentes fundadores do Seminário Batista do Sul dos Estados Unidos —, “a pregação é característica peculiar do cristianismo. Nenhuma outra religião tem realizado reuniões freqüentes e regulares de grupos pessoas para ouvirem instrução e exortações religiosas, uma parte integral do culto cristão”.

No entanto, muitas vozes influentes no evangelicalismo sugerem que a época do sermão expositivo já passou. Em seu lugar, alguns pregadores contemporâneos colocaram mensagens idealizadas intencionalmente para alcançar congregações seculares ou superficiais — mensagens que evitam a exposição do texto bíblico e, por implicação, um confronto potencialmente embaraçoso com a verdade bíblica.

Uma mudança sutil no início do século XX se tornou uma grande divisão no final do século. A mudança de pregação expositiva para abordagens mais temáticas e centradas no homem desenvolveu-se a ponto de se tornar um debate sobre o lugar das Escrituras na pregação e a própria natureza da pregação.

Duas afirmações famosas sobre a pregação ilustram essa divisão crescente. Refletindo, de maneira poética, a urgência e a centralidade da pregação, o pastor puritano Richard Baxter fez esta observação: “Prego como se jamais tivesse de pregar novamente, prego como um moribundo a pessoas moribundas”. Com expressão vívida e um senso de seriedade do evangelho, Baxter entendeu que a pregação é, literalmente, uma questão de vida ou morte. A eternidade pende na balança à medida que o pastor prega.

Contraste essa afirmação de Baxter com as palavras de Harry Emerson Fosdick, talvez o mais famoso (ou mal-afamado) pregador das primeiras décadas do século XX. Fosdick, que era pastor da Riverside Church, em Nova Iorque, provê um contraste instrutivo com o respeitado Baxter. Fosdick explicou: “Pregar é aconselhamento pessoal com base em grupos”.

Essas duas afirmações a respeito da pregação revelam os contorno do debate contemporâneo. Para Baxter, a promessa do céu e os horrores do inferno moldam a desgastante responsabilidade do pregador. Para Fosdick, o pregador é um conselheiro amável que oferece conselhos e encorajamento proveitosos.

O debate atual sobre a pregação é mais comumente explicado como uma argumento a respeito do foco e do formato do sermão. O pregador deve pregar um texto bíblico por meio de um sermão expositivo? Ou deve focalizar o sermão nas “necessidades sentidas” e nos interesses percebidos dos ouvintes?

É claro que muitos evangélicos contemporâneos favorecem a segunda opção. Instados pelos devotos da “pregação baseada nas necessidades”, muitos evangélicos abandonam o texto sem reconhecer que fazem isso. Esses pregadores podem ocasionalmente recorrer ao texto no decorrer do sermão, mas o texto não estabelece os assuntos nem a forma da mensagem.

Focalizar-se nas “necessidades percebidas” e permitir que elas estabeleçam os assuntos da pregação conduz inevitavelmente à perda da autoridade bíblica e do conteúdo bíblico no sermão. Contudo, esse modelo está se tornando, cada vez mais, a norma em muitos púlpitos evangélicos. Fosdick deve estar sorrindo no túmulo.

Os evangélicos antigos reconheceram a abordagem de Fosdick como uma rejeição da pregação bíblica. Um teólogo liberal confesso, Fosdick exibiu sua rejeição da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras — e rejeitou outras doutrinas centrais da fé cristã. Apaixonado pelas tendências da teoria psicológica, Fosdick se tornou um terapeuta de púlpito do protestantismo liberal. O alvo de sua pregação foi bem captado pelo título de um de seus muitos livros — On Being a Real Person (Ser uma Verdadeira Pessoa).

Infelizmente, essa é a abordagem evidente em muitos púlpitos evangélicos. O púlpito sagrado se tornou um centro de aconselhamento, e os bancos da igreja, o sofá do terapeuta. A psicologia e os interesses práticos substituíram a exegese teológica; e o pregador direciona seu sermão às necessidades percebidas da congregação.

O problema é que o pecador não sabe qual é a sua mais urgente necessidade. Ele está cego quanto à sua necessidade de redenção e reconciliação com Deus e se focaliza em necessidades potencialmente reais e temporais, tais como realização pessoal, segurança financeira, paz na família e avanço profissional. Muitos sermões são elaborados para atender a essas necessidades e interesses, mas falham em proclamar a Palavra da Verdade.

Sem dúvida, poucos pregadores que seguem essa tendência intentam se afastar da Bíblia. Todavia, servindo-se de uma intenção aparente de alcançar homens e mulheres modernos e seculares “onde eles estão”, o sermão tem sido transformado em um seminário sobre o sucesso. Alguns versículos das Escrituras talvez sejam acrescentados ao corpo da mensagem; mas, para que um sermão seja genuinamente bíblico, o texto precisa estabelecer os assuntos como fundamento da mensagem — e não ser usado apenas como uma autoridade citada para fornecer esclarecimento espiritual.

Charles Spurgeon confrontou esse mesmo padrão de púlpitos vacilantes, em seus próprios dias. Alguns das mais agradáveis e mais freqüentadas igrejas de Londres tinham ministros que foram precursores dos pregadores modernos que se baseiam nas necessidades sentidas. Spurgeon — que se esforçou por atrair ouvintes, apesar de sua insistência na pregação bíblica — confessou: “O verdadeiro embaixador de Cristo sente que ele mesmo está diante de Deus e tem de lidar com as almas como servo de Deus, em lugar dele, e que ocupa uma posição solene — nesta posição, a infidelidade é desumanidade e traição para com Deus”.

Spurgeon e Baxter entendiam o perigoso mandato do pregador e, por isso, foram impelidos à Bíblia para usá-la como sua única autoridade e mensagem. Deixavam seus púlpitos tremendo, sentindo interesse urgente pela alma de seus ouvintes e totalmente cônscios de que tinham de prestar contas a Deus pela pregação de sua Palavra, tão-somente de sua Palavra. Os sermões deles foram medidos por poder, os de Fosdick, por popularidade.

O debate atual sobre a pregação pode abalar congregações, denominações e o movimento evangélico. Mas reconheça isto: a restauração e renovação da igreja nesta geração virá somente quando, em cada púlpito, o ministro pregar com a certeza de que jamais pregará novamente e como um moribundo que prega a pessoas moribundas.


Traduzido por: Wellington Ferreira

Copyright:

© R. Albert Mohler Jr.

Traduzido do original em inglês:The Urgency of Preaching.

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