Na noite em que foi traído Nosso Senhor tomou o pão e disse aos seus discípulos: "este é o meu corpo". Certamente não houve dúvida de que naquele momento os discípulos estavam participando de um acontecimento de importância cardeal. Jesus estava instituindo um sacramento, uma ordenança, que seria, segundo as suas próprias palavras, repetido em sua memória (Lc 22:19).
Para iniciar a nossa discussão sobre o sacramento da Santa Ceia, vamos rever a definição de sacramento: é um ato solene instituído pelo nosso Senhor que nos marca e que proclama a verdade que representa, tanto para dentro de cada um, como para qualquer pessoa que o presencie. Mais do que um ato humano, sabemos que no sacramento Deus se faz presente de um modo especial e aplica a verdade à nossa alma. Assim, ele confirma e renova suas promessas para nós, fortalecendo-nos na fé e na jornada cristã.
1. Qual a origem da Santa Ceia?
Na noite em que foi traído, Jesus participou de uma celebração solene chamada Páscoa. Esta refeição é celebrada pelo povo judeu desde sua libertação da escravidão no Egito, sob a liderança de Moisés. A Páscoa foi instituída por Deus para que o seu povo se lembrasse sempre da grande libertação que o Senhor havia operado na nação (Êx 12). A refeição representava uma renovação da aliança entre Deus e seu povo.
Jesus interrompeu a refeição da celebração da Páscoa e instituiu o que nós celebramos hoje como a Santa Ceia (Mt 26:17-30; Mc 14:12-25; Lc 22:1-20). Ele usou linguagem figurativa ao falar do pão e do vinho, como símbolos do seu corpo e do seu sangue.
2. O que significa a Santa Ceia?
A Ceia representa a mesma promessa que nos marca no Batismo. Só que ela funciona como uma renovação da nossa fé. Nesse sentido, o Batismo serve como sinal e selo enquanto que na Ceia, além disso, participamos de um memorial, ou seja, uma celebração que se repete trazendo-nos à memória a obra de Cristo na cruz. A Ceia é um sacramento, isto é, uma pregação viva que alimenta a nossa alma e a nossa fé. Não é uma cerimônia apenas. É um momento em que literalmente comungamos com a presença real de Cristo, o que aviva em nós a certeza de que somos participantes das bênçãos da salvação. Ele se faz presente e ministra pelo seu Santo Espírito para nós.
3. Isso quer dizer que comemos carne e bebemos sangue?
Não. O pão e o cálice são símbolos do sacrifício de Jesus. Ele se faz presente, não no pão ou no cálice, mas no nosso meio no momento em que participamos desta refeição solene. Há uma presença especial de Cristo na ocasião da Santa Ceia.
4. Quem pode participar da Ceia?
Todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo pode e deve participar regularmente da Santa Ceia. Há pessoas que deixam de participar porque estão passando por algum problema ou porque ainda estão em alguma situação irregular. Muitas pessoas deixam de participar porque ainda sofrem de um vício como o fumo, por exemplo. Mas, não há causa bíblica para este tipo de restrição.
A Igreja mantém uma mesa aberta e não proíbe quem quer que seja de participar da Santa Ceia. No entanto, há advertências escritas na Bíblia contra uma participação leviana.
5. Quais são as advertências?
ICo 11 fala daqueles que participam indignamente da mesa do Senhor. Esses se tornam réus do sacrifício de Cristo e muitos sofrem tremendamente por causa disso. O participante deve ter sua fé firmemente alicerçada em Cristo para tomar parte na Ceia. Deve examinar-se em relação ao trato com outros membros da igreja e verificar se há brigas ou divergências. Segundo o Apóstolo Paulo, quem participa da Santa Ceia de qualquer jeito corre grande perigo. Mas, o auto-exame não é para nos afastar da mesa e sim para nos aproximar dela, corretamente.
6. Devo vir em jejum para a Santa Ceia?
Muitas pessoas observam esta prática. Faz bem quem assim procede, não por causa da conjunção das duas atividades, mas porque o jejum é uma boa prática cristã. No entanto, não há indicação de que este seja um requisito para a melhor observação da Santa Ceia.
7. E se eu estiver apenas visitando a igreja?
Há igrejas que praticam a "mesa fechada". A maioria delas, no entanto, recebe com amor o cristão que as visita. Não deve haver restrição neste sentido, a não ser que a igreja adote a política de "mesa fechada". Se for este o caso, a pessoa deve respeitar a assembléia local e abster-se de participar da mesa.
8. E se eu estiver em desentendimento com o pastor?
Nestas circunstâncias, a oração e a busca de reconciliação devem ser seguidas. Este caso cai sob a restrição do Apóstolo Paulo, em ICo 11, que fala das divisões e brigas entre irmãos. Pastores não são homens perfeitos. Com frequência, ouvimos falar de pessoas que se ofendem com algo que um pastor fez ou disse. Mas há como superar essas situações com oração pelo pastor e busca de diálogo. Quem simplesmente deixa de participar sem entender que isto traz um empobrecimento da sua vida cristã está muito enganado.
9. E se eu tiver qualquer dúvida sobre a Santa Ceia?
Na dúvida, a pessoa deve deixar de participar. Ela deve, imediatamente, procurar o pastor para obter orientação.
Conclusão
A Santa Ceia é um momento solene em que a igreja em comunhão com Cristo e com o próximo celebra a promessa de perdão e poder operante na vida do crente mediante a fé. No momento da Ceia nos lembramos do dia em que Jesus deu a sua vida por nós, derramando o seu sangue puro e precioso. Renovamos os nossos votos a ele e nos lembramos das suas promessas imutáveis e infalíveis para conosco. Ele se faz presente e fortalece as nossas almas e a nossa fé.
Nos aproximamos com cuidado em relação aos nossos relacionamentos com os irmãos e com contrição pedimos novamente que Cristo nos perdoe de todos os nossos pecados e, se necessário for, nos dispomos a buscar reconciliação com os membros do Corpo de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este Comentário será exibido após moderação dos Editores da equipe Plugados com Deus!