Palestra Sobre Oracao (1)



ORAÇÃO

René Montarroyos

Quem entre nós já não "rezou" o "Pai Nosso" ou fez uma invocação qualquer (falo dos que anteriormente andavam em outras religiões), ou talvez num momento de desespero, já não tenha gritado por "socorro" a um deus que sequer conhecia? Quem não jogou uma moedinha na "fonte dos desejos", ou comprou um talãozinho para fazer uma "fezinha"? Enfim, quem não procurou "lá fora" - além da nossa realidade material e dos nossos recursos pessoais- uma ajuda, um consolo, uma esperança, uma certeza? A vida tem meios de nos levar a entender que ela compreende perigos, oportunidades e desafios maiores do que somos capazes de transpor sozinhos. A pessoa que se considera auto-suficiente chega, cedo ou tarde, ao fim de si mesma e da sua autoconfiança. Ao nos aproximarmos de Cristo, somos conquistados pelo seu amor, que se manifesta apesar da debilidade do nosso estado natural. Ele nos resgata da morte e nos levanta. A partir de então, passamos a perceber o quanto dependemos dele: aos poucos, no início, e completamente quando atingimos a maturidade na fé e no conhecimento da sua pessoa. Esta experiência nos leva a uma vida enraizada na certeza das suas palavras, "sem mim nada podeis fazer ".

A oração é a nossa comunicação pessoal e direta com Deus, assim como um diálogo entre duas pessoas, ou uma conversa por telefone. Mas a dinâmica da oração é extremamente diferente de qualquer outro tipo de diálogo horizontal. Ela é a expressão da criatura diante do seu Criador, a abertura de um coração complexo, cheio de conflitos e contradições para com aquele que é santo e de uma pureza infinita. É a resposta da criatura dependente, pecaminosa e miseravelmente limitada àquele que a fez, a compreende, a ama, lhe quer bem, que sabe de todas as coisas e é Todo Poderoso. O ato de orar, enfim, pode ser visto como o mais humilhante da vida cristã, pois ao chegarmos ao Pai somos transparentes, uma vez que ele não somente ouve nossas palavras, mas vê o que está dentro dos nossos corações. Não fosse por seu amor, fugiríamos e abandonaríamos qualquer pretensão de lhe dirigir a palavra. Mas o Criador não se calou. Ele tomou a iniciativa e se revelou a nós. Não nos deixou nas trevas, antes fez com que sua luz resplandecesse sobre nós na pessoa do seu Filho Jesus e nas páginas das Escrituras Sagradas. E entre as muitas coisas que ele nos revelou, deixou claro que não devemos ficar em silêncio. Nós também podemos levantar a nossa voz ao Pai.

Esta aula terá como base apenas duas passagens bíblicas. A oração é um tema que requer muito mais estudo, como qualquer outro assunto que tratamos aqui neste blog, contudo iremos nos restringir a apenas alguns dos seus aspectos, uma vez que se trata de uma palestra básica e de introdução.

1. Jesus ensinou que devemos orar e buscar a Deus com confiança.

Façamos a leitura de Lucas 18:1-14. Temos aqui duas lições. A primeira mostra o juiz iníquo que fez justiça só para se ver livre do pedido insistente da viúva (símbolo bíblico da pessoa mais indefesa possível). Deus não é comparado a um juiz mau. Ele é o oposto. O que observamos é que se tal juiz respondeu àquele pedido insistente, quanto mais não fará Deus por nós? Há uma passagem paralela a esta que também merece nossa atenção. Em Lucas 11:5-13, temos a mesma lição. Jesus nos mostra que podemos e devemos fazer petições a Deus. Ele deixa patente que o Pai celestial é um bom pai. É da sua natureza fazer-nos bem. De volta à segunda parte da passagem, em Lucas 18:9-14, o Mestre mostra que o tipo de oração que chega a Deus é a que fazemos com humildade e não com pretensão e pompa. Não é a beleza das palavras, nem a adoção de uma técnica ou de um ritual que faz com que as orações cheguem ao Pai. Ah, se aprendêssemos isto, certamente não iríamos procurar quem nos ensinasse os "segredos da oração respondida". Deus não é uma pessoa que precisamos aprender a "dobrar" nem tampouco é um gênio da lâmpada mágica, ele é nosso pai. Devemos honrá-lo e respeitá-lo como tal.

Na Próxima aula veremos os elementos da oração. Não percam!

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