Kyriake Hemera- Dia do Senhor- Palestra para jovens

Mais um estudo sobre Dia do Senhor

René Montarroyos


A Lei de Moisés, entre as suas prescrições mais antigas, mandava que os judeus descansassem no sétimo dia ou sábado (shabbath), dedicando-o totalmente ao Senhor (v. Ex 20,8; 23,12; 34,21). A palavra shabbath, em hebraico, significa repouso; está relacionada com sheba, sete em hebraico. Donde vemos que o conceito de sábado envolve tanto a ideia de repouso como a de sétimo dia.
 Durante sua vida terrena, Jesus se submeteu à Lei mosaica: foi circuncidado e acompanhava a sua gente na observância do sábado. Repreendia, porém, os fariseus por não entenderem bem a função desse dia. Os fariseus achavam que a observância do Sábado era um fim em si mesmo até que Jesus diz claramente para que: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Mc 2,27); o sábado seria, pois, um meio para o homem atingir mais seguramente o grande fim de sua vida, a união com Deus; não seria um fim em si.
Consequentemente, Jesus atribuiu a si mesmo o poder de modificar ou suspender a guarda do sábado  Marcos 2:28 – “ de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.” 
Por causa disso, os doutores da Lei o incriminavam (Jo 5,9), mas Jesus respondia que não fazia senão imitar o Pai que, tendo entrado no seu repouso após criar o mundo, continuava a governar a este e aos homens (Jo 5,17). Foi, por certo, esta atitude de Jesus que inspirou aos antigos cristãos uma certa liberdade em relação ao sábado, fazendo-os compreender o espírito da observância desse dia.

Evangelho: A Nova Aliança.
Os discípulos, a princípio, continuaram a guardar o sábado. É o que se depreende das suas atitudes por ocasião do sepultamento de Jesus (v. Mt 28,1; Mc 15,42...). Mesmo depois da Ascensão do Senhor, continuavam a frequentar as reuniões de culto aos judeus aos sábados, para anunciar aí o Evangelho (At 13,14; 16,13; 17,2; 18,4). De uma maneira geral, os cristãos observavam os costumes religiosos dos judeus (cf At 2,1.46; 3,1; 10,9); somente aos poucos foram tomando plena consciência das consequencias práticas decorrentes da superação da antiga Lei pela nova – o Evangelho.
Podemos crer que Paulo, que lutava de forma dura contra os judaizantes, não tenha imposto a celebração do sábado aos cristãos convertidos do paganismo. O apóstolo chegava mesmo a acautelar os fieis contra a impregnação das ideias judaizantes: “Colossenses 2:16-17  6 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,  17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.”

Por isso, em breve o primeiro dia da semana judaica, posterior ao sábado, quando Cristo ressuscitou, tornou-se o dia de culto dos cristãos ou o dia do Senhor. No ano de 57/58, por exemplo, em Trôade, na Ásia Menor, os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana, conforme At 20,7, para celebrar a Santa Ceia. Atos 20:7  “ No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.”  Em 1Cor 16,2 Paulo recomenda aos fieis a coleta em favor dos pobres no primeiro dia da semana – o que supõe uma assembléia religiosa realizada naquele dia. 1 Coríntios 16:2   No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.
Isso para não nos referirmos a ressurreição do nosso Senhor que se deu no domingo
Marcos 16:9  9 Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios.
Mateus 28:1   No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
Mateus 28:5   Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado.
E depois de ressuscitado
João 20:19  19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!
Assim, foram transferidas para esse dia, práticas que os judeus celebravam aos sábados, como o louvor de Deus e a esmola. É muito provável que as comunidades fundadas por  Paulo tenham observado o primeiro dia da semana (dia da ressurreição de Cristo). Esse dia, dedicado à glorificação do Senhor vitorioso sobre a morte, tomou adequadamente o nome de Kyriaké heméra, dia do Senhor (ou, propriamente, dia imperial), como se depreende de Ap 1,10: “Fui arrebatado em espírito no dia do Senhor”. O grego Kyriaké heméra deu em latim Dominica dies, donde, em português, dominga ou domingo.

Examinemos agora um pouco a história: desde o século II, há depoimentos que atestam a celebração do domingo tal como foi instituída pelos apóstolos, conscientes do significado da ressurreição de Cristo. Assim Inácio de Antioquia (+ 110, aproximadamente) escrevia aos Magnésios: “Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas, chegaram à nova esperança, não observando mais o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, dia em que nossa vida se levantou mediante Cristo e a sua morte” (9,1).
Em meados do século II, encontra-se o famoso depoimento de Justino Martir, escrito entre 153 e 155: “No dia dito do sol, todos aqueles dos nossos que habitam as cidades ou os campos, se reúnem num mesmo lugar. Leem-se as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas..Quando a oração está terminada, são trazidos pão e vinho e água...Nós nos reunimos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia, aquele em que Deus transformou as trevas e a matéria para criar o mundo, e também porque Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos nesse mesmo dia “(I Apologia 67, 3.7).

Nessa passagem, Justino atesta a celebração da Santa Ceia no domingo. Chama-o “dia do sol” porque se dirige a pagãos; faz questão, porém, de lembrar que tal designação é de origem alheia, não cristã: “No dia dito do sol”. Vemos, pois, que a celebração do domingo entre os cristãos está longe de ser uma concessão aos festejos pagãos do dia do sol; nada tem de pagão, mas é nitidamente inspirada por motivos bíblicos do Antigo e Novo Testamento.

O fato de o Imperador Constantino ter preceituado, em 321, certo repouso “no venerável dia do sol” não quer dizer que ele tenha introduzido a observância do dia do Senhor entre os cristãos; esta, como vimos, data da época dos apóstolos, tendo sido apenas patrocinada por Constantino, desde  de sua suposta conversão.

2 comentários:

  1. O sábado será sempre o Dia do Senhor, primeiramente porque foi instituído na Criação, foi abençoado e santificado por Deus (quando ele abençoa é para sempre), Em Ezequiel 20:20 foi instituído como um Sinal entre ele e a humanidade (quanto a isso Está escrito que Deus não faz distinção de pessoas ou de raças (Atos 3:24 e 25) ; Está Escrito em I Carta de Pedro 1:24 que DEUS NÃO MUDA e que sua Palavra permanece eternamente. Como ele escreveu, pessoalmente, a Lei do Sétimo Dia nas Rochas Sagradas é para sempre; Jesus promulgou que O SÁBADO FOI CRIADO PARA O HOMEM (Marcos 2:28); Jesus bradou que podem passar os Céus e a Terra antes que das leis se consiga retirar um só caractere, e a leis do sábado tem 433 caracteres (Mateus 5:15 a 37) Sobretudo, Jesus santificou os sábados, sua Igreja, seus apóstolos e a Igreja de Paulo santificaram todos os sábados e jamais um só domingo (Lucas 4:16; Lucas 23:55; Atos 16:13; Atos 13:31 a 44) Outro dia, ouvi o pastor Malafaia afirmar que os evangélicos não guardam o sábado porque nove dos mandamentos estão repetidos no Evangelho, mas o do sábado não; Pura Utopia e desconhecimento bíblico, pois o sábado está repetido por 10 vezes: Marcos 2:28; Lucas 4:16; Lucas 23:55; Atos 16:13; Atos 13:41; Atos 18:4; Atos 1:12; Atos 24:20; Hebreus 4:4; Mateus 5:17 e seguintes.
    Jesus nomeou aqueles que o acusavam de violar os sábados de Filhos do Diabo. João 8:44. Jesus respondeu a eles que apenas APARENTAVA que ele desrespeitava os santos sábados:
    “Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem? Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”. Jesus, em João 7:23 a 24

    Estudando-se o Novo Testamento com critério e atenção, concluímos que a palavra de Deus não atribui nenhum significado litúrgico ao dia da ressurreição, simplesmente porque esse acontecimento tem de ser visto apenas como uma realidade existencial experimentada pelo poder do Cristo vitorioso também sobre sua própria morte. De modo algum a ressurreição de Jesus pode ser vista como uma prática cristã associada ao culto aos domingos. Cristo, que havia ressuscitado a outros, não poderia ser vencido pela morte, o que anula totalmente a pretendida importância do tal domingo. Mas a Monumental Vitória de Jesus Cristo deu-se com a sua sofrida Morte na cruz! E não há uma linha no Evangelho que aponte qualquer indício da troca maluca do sábado pelo domingo. Coisa do papado romano para que se cumprisse a profecia no Apocalipse 13:7: Satanás venceu os santos.
    Então, apesar dos pastores famosos e não famosos, O SÁBADO É PARA SEMPRE, PERPETUAMENTE e foi o Senhor Deus quem nos revelou isso quando promulgou que sua palavra permanece eternamente!
    Waldecy Antonio Simões walasi@uol.com.br

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  2. Ótimo post com fundamentos históricos e baseados na bíblia sobre este assunto e sobre o termo Kyriake Hemera: http://novamenteadventistas.blogspot.com/2012/06/questao-apologetica-sobre-o-sabado-e-o.html

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