Em celebrações da cristandade como o natal, páscoa e
semana chamada santa a sociedade humana, especificamente, a
ocidental, se transforma. As pessoas tornam-se mais solidárias,
mais sensíveis às necessidades dos outros. Enfim, tornam-se mais
humanas. Nessa época as pessoas trocam presentes, ovos de
chocolate, gentilezas e desejam umas as outras, “Feliz Natal”, “Feliz
Páscoa”. Essas comemorações foram colocadas e incrementadas
no calendário do cristianismo católico-romano e depois absorvidas
pelo cristianismo evangélico. Estas comemorações ganharam
espaço e importância após o esvaziamento daquela que deveria ser
a maior celebração do cristianismo bíblico e histórico, a celebração
da Ceia do Senhor. Nela se celebra e anuncia o nascimento, a
morte e a ressurreição do Salvador.
Mas, o que gostaríamos de refletir é, como nós, cristãos
históricos, temos reagido a estas verdades? Que tipo de sentimento
invade a nossa alma ao relembrarmos o nascimento, morte e
ressurreição do Senhor Jesus?
Por exemplo, o texto do Evangelho de Mateus 2:1-12 nos fala
sobre o nascimento de Jesus. O texto nos narra a chegada dos
magos à Jerusalém para prestarem adoração ao “recém-nascido
Rei dos Judeus”. A visita causou surpresa, tanto aos judeus,
moradores de Jerusalém, pois não se aperceberam de tão
importante acontecimento, quanto aos magos que esperavam
encontrar toda a região em festa por tão glorioso acontecimento
histórico.
Os magos (sábios, conselheiros da realeza) eram,
provavelmente, naturais da Babilônia, nas regiões da mesopotâmia
(hoje Iraque), e eram estudiosos dos fenômenos astronômicos. Eles
dão a entender que aguardavam atentamente o cumprimento de
uma profecia feita ao povo hebreu, contida no “torah”. Essa profecia
apontava para um sinal no céu quando do nascimento do messias.
O Rei Herodes alarmado, juntamente com toda a população
de Jerusalém, consultou os sacerdotes e escribas sobre o lugar
onde haveria de nascer o Cristo. Ele foi informado, pelos sacerdotes
e escribas, que o nascimento do Messias se daria na pequena
cidade de Belém (8 km de Jerusalém), na região da Judéia,
conforme profecias de Miquéias (Mq.5:2). De posse dessa
informação Herodes enviou secretamente os magos à Belém. Ele
os orientou a fim de deixá-lo informado a cerca do local exato onde
estaria o menino.
Então, os sábios do oriente guiados pela estrela, chegaram ao
local onde estava o menino. Ao verem o menino eles se alegram
com grande e intenso júbilo. Entraram na casa, tostaram-se e o
adoraram, oferecendo seus mais preciosos tesouros (ouro, incenso
e mirra). Depois, advertidos pelo Senhor, voltaram por outro
caminho nada informando ao Rei Herodes.
Havia, na ocasião, pelo menos quatro grupos sociais
envolvidos na situação e que reagiram diferentemente ao
acontecimento.
O primeiro grupo era composto do povo judeu, os “habitantes
de Jerusalém”. Eles eram “o povo de Deus” a quem fora dadas as
promessas. Observa-se, porém a desatenção, e a indiferença do
povo. A população de Israel estava despercebida e alheia ao
cumprimento da promessa do Senhor. Certamente, deveriam estar
mais preocupados com outras coisas para eles mais urgentes e
imediatas. Eles pareciam estar ocupados com o corre-corre da vida.
Passaram despercebidos com um acontecimento tão importante
para as suas vidas.
O segundo grupo era composto pela liderança religiosa de
Israel. “Todos os principais sacerdotes e escribas”, os mestres da
teologia vetero-testamentária. Esses aos serem indagados quanto
ao que dizia as profecias sobre a vinda do messias prometido,
responderam com incrível precisão teológica: “em Belém”. Eles
argumentaram com fundamentação escriturística citando a profecia
de Miquéias (5:2). No entanto, parece que a correta interpretação
das Escrituras e a precisão teológica não passavam de um mero
exercício acadêmico. A Liderança Religiosa de Israel apesar de
conhecedora encontrava-se indiferente. Tal precisão não os
motivava, não os movia a contemplar a profecia cumprida. Assustanos
tamanha indiferença e frieza espiritual. A conclusão que se
chega é que de tanto lidarem com o sagrado, acostumaram-se com
ele. As coisas de Deus já não lhe causavam mais impacto.
Em terceiro lugar, temos a liderança política de Israel, o rei, o
governante. Ele demonstrou conhecer a promessa de Deus, porém
ao invés de se alegrar com ela, sentiu-se inseguro. A liderança
Política de Israel viu-se ameaçado pela promessa de Deus. O rei
temeu perder sua posição, seu status, seu poder. Ele temeu perder
os benefícios que sua posição lhe proporcionava. E em uma atitude
enlouquecida usou o conhecimento revelado na Palavra de Deus
para tentar matar o recém-nascido Rei de Israel, o Filho de Deus.
Ele o fez na tentativa de impedir o cumprimento dos eternos
propósitos de Deus, como se isso fosse possível.
O último grupo era composto dos de fora, àqueles que não
eram alvos da promessa, “os magos do oriente”. Eles, mesmo não
tendo a revelação a não ser essa pequena passagem, guardaram
com atenção e tornaram-se atentos aos sinais de Deus na história.
Eles viram um sinal, verificaram-no e vieram a Jerusalém. Os de
fora da Aliança de Israel ficaram admirados e solícitos por tão
maravilhosa Graça. Eles atravessaram todo um deserto,
enfrentaram os perigos de tal empreitada. Eles não mediram
esforços, porque queriam ter o privilégio de contemplar a promessa,
o Messias, o Rei de Israel. E ao chegarem ao local indicado, eles se
alegraram com grande júbilo, se humilharam prostrando-se com
rosto em terra, adoraram e ofereceram suas ofertas, seus tesouros,
deram daquilo que lhes era caro e precioso.
E quanto a nós, qual têm sido os sentimentos que povoam o
nosso coração diante de verdades como o nascimento, morte e
ressurreição de Jesus? Ao nos aproximarmos dessas verdades,
que sentimentos invadem os nossos corações? Como temos
reagido cada vez que nos reunimos no “Dia do Senhor” para
celebrarmos a manifestação de tão grande amor a nós dispensada?
Ao nos aproximarmos do Senhor em culto e adoração somos
tomados pelo mesmo sentimento que João Batista expressou
quando esteve próximo ao Senhor? Ele afirmou: “Eis o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29).
O nosso desejo e oração é que Deus nos ajude a mantermos
um coração encantado pela Sua pessoa e pelo Seu grande amor a
nós revelado. Que tenhamos um espírito quebrantado e humilde em
Sua presença. Que vivamos nossas vidas cheias de júbilo e alegria.
Que possamos adorá-lo em Sua majestade, e que, nestes
momentos de culto, possamos consagrar a Ele àquilo que temos de
mais precioso em nossas vidas.
Pastor Cláudio Henrique Albuquerque
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