A Escola Dominical possui suas raízes na antiguidade do AT, quando Deus fala aos patriarcas, profetas e ao povo de Israel. No Pentateuco vemos que os pais eram responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar (era patriarcal) – a primeira escola dominical. Depois surge a figura dos sacerdotes que além do culto divino tinha o encargo do ensino da Lei (era sacerdotal). Durante o cativeiro babilônico surgem as sinagogas que funcionavam como escolas (era sinagogal). No pós-cativeiro surgem Esdras e Neemias que se preocupavam com o ensino da Palavra. Mas sem dúvida, Jesus foi e será o Grande Mestre, dignificando a missão de ensinar. Depois da ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram esta tarefa de ensinar.
A Escola Dominical, com o formato que temos hoje, começou em 1780 na Inglaterra através do jornalista Robert Raiks que começou este trabalho conduzindo crianças em plena rua às reuniões de todos os domingos. Alem de ensinar a Bíblia, Robert ensinava as crianças noções de outras matérias escolares, tais como: noções de linguagem, aritmética, instrução moral e cívica, entre outras; porém, este homem enfrentava oposições das igrejas da sua época por acharem um trabalho desnecessário. No Brasil, a Escola Dominical teve início no Rio de Janeiro, em Petrópolis, com o grande missionário Robert Kalley e sua esposa Sara Poulstou Kalley em 19 de agosto de 1855.
Com o passar do tempo, a Escola Dominical cresceu e enfrentou diversos desafios. Na década de 1950, um período de importantes mudanças no nosso País e em nossa Igreja, o grande desafio era providenciar espaço físico para acomodar o grande número de pessoas (convertidos e não convertidos) que vinham à Igreja aprender da Palavra do Senhor. Os anos passaram e a mentalidade mudou. Diferentemente dos anos 50, a Igreja de hoje está inserida num contexto de pessoas pós-modernas e, consequentemente, com características diferentes. Este período de pós-modernidade é marcado por algumas características que tem influenciado a vida do corpo de Cristo no que tange a Escola Dominical.
Primeiro, o conceito de tolerância. Quero dizer com isso à ideia contemporânea de total complacência para com o pensamento de outros quanto à política, sexo, religião, raça, gênero, valores morais e atitudes pessoais, ao ponto de nunca se externar seu próprio ponto de vista de forma a contradizer o ponto de vista dos outros. Por esta razão, a Escola Dominical não é um bom lugar para se ir, pois há muita discussão de opinião sobre diversos assuntos e opinião cada um tem a sua e o que compete a nós é acatá-la, tolerantemente, por exemplo: não é conveniente emitir valores morais sobre o comportamento sexual das pessoas (mesmo contrários a Bíblia).
Outro aspecto da pós-modernidade é o relativismo. O relativismo, no que tange ao campo dos valores e dos conceitos morais e religiosos, é a ideia de que todos os valores morais e as crenças religiosas são igualmente válidos e que não se pode julgar entre eles, isto é, a sua verdade é verdade tanto quanto a minha. O relativismo destitui o conceito de verdade absoluta, tudo depende do prisma que se olha, inclusive a Bíblia (cada qual tem a sua própria interpretação das Escrituras). Logo, a Escola Dominical não serve porque é um lugar onde única opinião que importa é o que está escrito nas páginas da Santa Palavra (única regra de fé e prática). Todavia, as pessoas tem suas próprias convicções e ninguém tem o direito de mudá-las.
Um terceiro fator é o individualismo. Esta geração é marcada por pessoas que procuram viver cada vez mais independente uma das outras. Buscando, principalmente, a sua individualidade (para não dizer egocentralidade) onde o mais importante é o que é bom para mim. Os relacionamentos humanos estão resumidos a pequenos contatos de trabalho, encontros casuais em elevadores e-mails, MSN, sites de relacionamentos, etc. O pior é que este quadro se faz cada vez mais presente em muitas Igrejas do Senhor. Alguns irmãos só se encontram aos domingos quando decidem ir à Igreja, pois algumas já entraram na era digital transmitindo, simultaneamente, os cultos pela internet dando a oportunidade dos irmãos nem saírem mais de suas casas para adorar ao Senhor. Mas existe adoração sem comunhão? Sem falar no dízimo on-line!!
É, justamente, dentro desta conjunção pós-moderna que a Igreja está inserida; e qual seria o grande desafio a ser enfrentado pelo corpo de Cristo? O nosso grande desafio é consegui fazer a leitura correta de nossa sociedade e saber dá as respostas certas para as necessidades do homem pós-moderno. Para tal, é de suma importância pensar numa Escola Dominical contextualizada, com objetivos redefinidos para a sua época e com recursos pedagógicos adequados; contudo, sem abrir mão da sua fidelidade as Sagradas Escrituras e da sua missão – fazer discípulos e ensinar tudo o que Jesus ensinou (Mt 28. 18-20).
Isso não pode ser apenas um sonho, mas uma realidade na vida de cada Igreja, pastor, educador religioso, cada líder e, principalmente, de cada crente que deve assumir o compromisso de ensinar as verdades de Cristo, mas também de aprendê-las, continuamente, como escreve o profeta Oseias - Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR... (6.3a).
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