Marcos 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
Atos 1:8 mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.
"O direito à vida é universal e não depende de origem étinica.
Direito a diversidade cultural nunca poderá ser evocado como justificativa para se tolerar práticas como a escravidão, tortura e genocídio. Por que razão esse direito seria evocado como justificativa para que tolere o infanticídio?"
Atenção: esse vídeo contém cenas chocantes
http://www.youtube.com/watch?v=Y3YUO98f000Quebrando o Silêncio
Tem assuntos que ninguém gosta de falar. Quando uma mulher indígena do grupo arawá sai para dar à luz, por exemplo, ninguém vai junto. Esse é um momento só dela. Ela sai sozinha, mesmo que seja muito jovem e aquele seja seu primeiro bebê. Ela procura uma árvore ou arbusto onde possa se apoiar, se agacha, e ali enfrenta suas dores. É ali, na hora do parto, que essa jovem mãe tem a grande responsabilidade de decidir o futuro da criança. Ela só poderá ficar com o bebê se ele for perfeito.
Se por alguma razão ela volta para a casa sem o bebê nos braços, o silêncio é geral. Ninguém pergunta o que houve. Nem o pai da criança, nem os avós, nem a amiga mais próxima. A jovem se afunda em sua rede, muitas vezes sem coragem ou forças nem para chorar. O assunto morre ali mesmo. Ninguém pergunta por que ela voltou sem o bebê. A mãe terá que carregar sozinha, em silêncio, pelo resto da vida, a lembrança dessa maldição, dessa má sorte, dessa infelicidade.
Às vezes ouve-se ao longe o choro abafado da criança, abandonada para morrer na mata. O choro só cessa quando a criança desfalece, ou quando é devorada por algum animal. Ou quando algum parente, irritado com a insistência daquele choro, resolve silenciá-lo com uma flecha ou um porrete.
Depois disso o silêncio é absoluto.
O infanticídio é um tabu. Da mesma maneira que o assunto é evitado nas sociedades indígenas, é evitado também na nossa sociedade. Ninguém fala, ninguém enfrenta, ninguém toma posição.
A posição mais cômoda continua sendo a da omissão - omissão muitas vezes maquiada de respeito às diferenças culturais.
Estamos vivendo um momento de mudança de atitudes. Algumas mulheres indígenas resolveram abrir a boca sobre esse assunto, tão polêmico e ao mesmo tempo tão doloroso para elas. A partir da iniciativa dessas mulheres, o tabu começou a ser quebrado e a mídia nacional vem veiculando diversas matérias sobre o assunto (Revistas Consulex – outubro 2005, Problemas Brasileiros, do SESC/SP de maio-junho 2007; Cláudia, julho de 2007; Veja, agosto 2007, dentre outras).
Nossa sociedade precisa parar de falar por um momento e ouvir essas vozes.
Os números são alarmantes.
Quebrando o Silêncio aborda o infanticídio a partir do depoimento dos próprios indígenas. Reúne relatos de parentes de vítimas, de agressores e de sobreviventes.
São ouvidos, ainda, antropólogos, advogados, religiosos, indigenistas e educadores.
Esperamos que este material ofereça dados suficientes para que se possa pelo menos tomar uma decisão importante. A decisão de levar essa discussão adiante - ouvir, discutir, refletir, com imparcialidade, e criar condições para que as comunidades indígenas possam resolver os conflitos que causam o infanticídio. Que, pelo menos por um momento, possamos silenciar ideologias e paixões e ouvir com empatia a voz de mulheres que se cansaram de enfrentar sozinhas essa dor. Que possamos tomar a decisão responsável de quebrar o silêncio sobre o infanticídio.
fonte: hakani.org
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